sábado, outubro 30, 2010

E AGORA?


Ganhe quem ganhar, neste domingo, Lula inicia sua caminhada para ex-presidente. Um assombro, ser ex. Aonde vai parar o ex quando 1º de janeiro chegar? Sem caneta, sem Diário Oficial, sem mando, um cidadão como outro qualquer, sem cartão corporativo. Como está na Constituição, ele terá direito a dois seguranças a vida inteira e ao salário de ex-presidente, tal qual os outros ainda vivos – Collor, Itamar, Sarney e FHC.


Lula, em pouco tempo, não terá mais a seu lado os áulicos dos últimos oito anos. E será lembrado mais pelo que não fez, já que o que fez fica por conta da herança administrativa de FHC. Dele mesmo não há nada, salvo os escândalos do PT e dos petistas.


A própria D Dilma se dará conta de que não precisa de Lula para mais nada, porque ele já não é mais nada. Ela, ao assumir o posto, terá de conseguir identidade própria, e todos os lulistas de ocasião correm atrás dela. Em pouco tempo, Lula é uma página virada. Seus 80% de popularidade viram folha seca que o tempo soprará para bem longe.


No auge de ditadura, Médici chegou a 83% de popularidade, o PIB bateu todos os recordes, vestido na camisa do Flamengo, inaugurando a ponte Rio-Niterói, iniciando a Transamazônica, recebendo os tricampeões da Copa de 70.


Brasil, ame-o ou deixe-o, aquela história. O Brasil, fora dos “porões da ditadura”, era uma festa, enquanto Mário Andreazza asfaltava oito mil km de estradas pelo país. Tudo passou, como Lula vai passar e logo mais ninguém fala nele, e nem a Dilma quer vê-lo. Historicamente, a criatura manda sempre o criador para a cucuia.


Dilma poderá ser eleita, mas não poderá governar. Tem a cabeça oca. O Brasil está à beira de um incêndio.

E SERRA?


Caso não seja eleito, como dizem as pesquisas, cuidará da vida dele. É homem preparado, sabe das coisas, tem experiência, não lhe faltará trabalho honrado, dentro ou fora do país. Se houver uma reviravolta qualquer, ele – como o segundo mais votado -- assume a presidência com os planos que tem na cabeça. Ganhou, ganhou... e aí o PT desaparece do mapa, com toda a colossal roubalheira e a falta de pudor público que caracterizaram o partido, com a cobertura de Lula.


O Brasil encolhe.

SIMANCOL


Sempre me intrigou a falta de iniciativa do brasileiro típico, de elite, sua mística de conforto acima de tudo, seu direito incontestável de desfrutar a chamada civilização das domésticas plasmáveis a qualquer capricho do patrão, e a incompreensão do capitalismo e do conceito de cidadania, que é, entre nós, periférico e sem maior apoio constitucional ou legal, a não ser no papel.


O casal Collor e Rosane, que considerava bobagem qualquer restrição a seus desejos, tais como leis, moralidade e simancol, era típico da mentalidade escravocrata. Tal qual Lula e D. Marisa, uma primeira dama que passou oito anos cuidando do guarda-roupa e segurando o copo para o marido não ficar bêbado nas horas mais inconvenientes.

CUIDADO PRINCIPAL



O caso é muito antigo, porém jamais foi tão adequado ao que poderá ocorrer com D. Dilma Rousseff eleita sucessora de Lula.


Diz que um leão se meteu sob a mesa do gabinete presidencial e, com fome, devorava todos os dias um assessor graduado. Ninguém notava. O leão passou uns dias se alimentando dos melhores assessores. De tão inúteis, ninguém notava. Um dia, o rei dos animais se descuidou e devorou o homem do cafezinho.


Um horror! O mundo desabou em reclamações. Que audácia, logo o homem do cafezinho?


D. Dilma convidou o Zé Dirceu para assumir o serviço, e ele já anda atrás de um renomado domador de feras. O PT é um circo como nunca se viu antes neste país. Tem gente pra tudo, e todos mensalões. “Um homem prevenido vale por dois”, observou o liberal Franklin Martins, com um tapinha ns costas do Dirceu.

O PODER


No século XVlll, o historiador inglês Lord Acton (embora italiano de nascimento) já dizia a frase que atravessou os anos e nunca perdeu a atualidade: “O poder corrompe, e o poder absoluto corrompe absolutamente.”


Entra aqui de carapuça.

domingo, outubro 24, 2010

VIVER É APRENDER


Faz até pena. Lula vem suando sangue para eleger seu saco de batata. E, tudo indica, não vai eleger. Como não proíbe o uso da máquina da União na campanha dessa estranha e distante figura de mulher (é como a trato, sem ofensas), por ele também não permitiria os cidadãos externarem livremente suas opiniões a respeito dela. Quando papoca um escândalo, marca registrada de seu governo corrupto, fica deprimido. Pode escapar de tudo, mas nunca da depressão.


Eu não sabia: quando Lula toma conhecimento de um rombo aqui, outro ali, sequenciados, fica deprimido, e fica deprimido porque não foi ele que permitiu o rombo. Fica com aquele complexo de vira-lata de que nos fala Nélson Rodrigues. Puxa, eu não sabia que era assim. Porém viver é aprender. Afinal, a máquina política não pode ser cerceada no sagrado direito de brigar pela eleição de seu saco de batata, na verdade primária oradora de sobremesa.

Dilma, aborte-a!

A DIFERENÇA


Lula foi eleito em 2002 com uma quantia que envergonharia Collor e o finado PC Farias. A diferença é que Collor foi abertamente bajulado pela mídia que Lula hoje odeia e quer amordaçar. Lula, se pouco liga para o Congresso, não o ofende por qualquer bobagem. Às vezes, até topa negociar uma CPI, mesmo sem qualquer escrúpulo.


Tem coisas que ele empurra com a barriga, até a base aliada engavetar. Mas se for necessário, não tem escrúpulos de Collor. Joga pesado. Importantes CPIs ainda não saíram e certamente não sairão nunca. O jogo, no entanto, continua, desde que ele o apite. A disponibilidade de números é assombrosa.


Por hora, entretanto, o objetivo sagrado é carregar seu saco de batata e passar a faixa presidencial ao derredor.

REFÉM


Somando tudo, inclusive o enriquecimento instantâneo do filhinho querido e o dinheiro grosso que vai para a ONG da filhinha querida, jamais contabilizado, o débito moral e político de Lula chegou a um final alto. Tornou-se um refém, não da classe política, mas de assaltantes, batedores de carteira da nação.


Ele mesmo está fora. Não sabe de nada...

ESPANTO


Estou espantado, relendo “O Beijo da Morte”, de Carlos Heitor Cony e Anna Lee (Record, 2002). Cony é dos textos mais primorosos dos nossos escritores. Esse livro é pura emoção e procura penetrar nas três mortes que levantaram todo tipo de suspeita até hoje – a de JK, a de João Goullart e a de Carlos Lacerda. Impressionantes certas coincidências.


A leitura dessa obra corajosa nos leva a crer – ou pelo menos a meditar em cima das revelações que fazem os autores – que os três homens públicos que integraram a Frente Ampla idealizada por Lacerda para fazer frente à “redentora” de 64, foram diabolicamente assassinados.


Não vou entrar em detalhes, até porque ainda não terminei a leitura. Mas confesso – estou espantado. Foram mortes próximas uma da outra e em circunstâncias no mínimo sinistras. Há indícios terríveis. Voltarei ao assunto.

MULHERES E ENCANTO


Elsie Lessa era a princesa e a mais subestimada dos cronistas. Na imprensa brasileira até os anos 70 se podia ter a sorte de encontrar Rubem Braga (1913-1990, o único escritor brasileiro que ganhou fama e dinheiro só escrevendo crônicas e tão somente crônicas), seco, sucinto, eufônico, beirando o misantrópico, mas encantado com as mulheres e mascarando seu ceticismo com enorme charme, ou Elsie, uma das duas mais belas mulheres da imprensa brasileira (a outra foi Adalgisa Nery), contando uma história curta, expressiva e cheia de “sagesse”.


Ah, o velho urso mal-humorado! Já li sua “Aula de Inglês” umas 50 vezes. De seu famoso apartamento em Ipanema saíram as mais brilhantes crônicas da literatura brasileira. Por isso eu vos peço: jamais me chamem de cronista. Cronista uma ova! Leiam, do velho Rubem, “Conversa sobre passarinho.” Se você se diz cronista, vai morrer de vergonha.

LINCOLN


Lincoln, 1809-1865), presidente dos EUA, 1861-65, parece ser uma exceção. É o único intelectual de primeiro time que acreditava em democracia e gostava de povo. Li, reli e tresli a “Oração de Gettysburg”, as palavras que disse às tropas antes dessa batalha (duas batalhas) que virou a maré da Guerra Civil Americana e não encontrou a nota falsa, no “do povo e pelo povo” que ele propõe.


Era ateu, mas citava a Bíblia. Seu gênio inventou a nova prosa americana, coloquial, quase peluciosa, com uma simetria entre eloquência e simplicidade que fazia o zé-povinho entender o que dizia. Não conseguiu encontrar vulnerabilidades sobre que pudessem tripudiar. Lincoln, Abe para os íntimos, deve ser a exceção que confirmou a regra. Todo governante amalucado sonha com um retrato dele na parede. Menos o Lula, que só olha para o próprio umbigo.

AH, OS JOVENS


A verdade é que ninguém esperava – pelo menos ao que eu saiba – que a sociedade de massas tomasse tão rapidamente o centro do palco. Vemos uma enorme juventude que se veste mal, come porcaria, vê porcaria, ouve porcaria etc. e etc. e se autofustiga que está não só contestando como é feliz e que só os caretas – tipo eu – reclamam.


Como dizia Ortega y Gasset, o jovem não precisa de razões para viver; precisa só de pretextos.

APOSENTADOS


Vejam bem. Normalmente, os aposentados assumiram a condição de vagabundos e normalmente contribuirão com descontos em suas pensões para que o Brasil de Dilma e Lula honre seus compromissos com o mercado especulativo. De minha parte, é até com algum entusiasmo que participo da normalidade proclamada pelo presidente e seus áulicos. Continuo normalmente (e com motivos normalíssimos) a falar mal dele.

FHC


Não sei explicar, mas gosto de FHC. Sempre gostei dele e principalmente de D. Ruth Cardoso, a única primeira-dama do Brasil de quem me lembro com orgulho e saudade.


Mas tem coisas sobre FHC que ninguém esquece. A emenda constitucional para se reeleger – com a ajuda do finado Sérgio Mota – e de ele nunca ter sido preso. Quando a barra pesou mesmo, ele foi para fora. Durante os anos de chumbo não participou de nenhum protesto de rua, de nenhum movimento subversivo aqui dentro. Quando o pior da repressão passou, veio para sondar o terreno e viu que o caminho do poder era a direita. Logo que pôde, ficou nela.


A suspensão dos direitos políticos não ameaçou sua liberdade nem sua vida. Outros, na mesma situação, continuaram a luta arriscando a própria pele. FHC não estava entre eles.

Ainda assim, gosto dele, como disse. E o respeito. E o admiro. Lula governa com o exato plano de metas elaborado por ele. Plano que de Lula não tem nada. Absolutamente nada.

sábado, outubro 09, 2010

TROCA INFELIZ


Mais do que infeliz, uma violência política contra o Ceará. A troca de Tasso Jereissati, no Senado, por dois carreiristas que até hoje, a favor do Ceará, só abanaram carvão molhado, foi o que de pior podia ter acontecido nestas eleições. Comparem-nos a Tasso, desde 1987, e vejam que o eleitorado, inconsciente e despolitizado, aceitou a dentadura, e assinou com o polegar para cair na malha fina de uma troca inaceitável.


Quem são Eunício e Pimentel? Repita-se: dois carreiristas políticos. Dois pardais na chuva. O que nós, cearenses, devemos a eles? Eunício engrossou sua conta bancária desde os primeiros dias em que deixou a revenda de carros e pulou o muro para o lado político, ajudado pelo sogro, então presidente da Câmara Federal. Viu que o futuro era ali. O futuro dele, claro. Oito anos de Eunício no Senado! Oito anos de Pimentel. Oito anos!


Fica demonstrado que a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa inteira! O que querem, afinal, esses contestadores de quinta classe ao tirar Tasso do Senado, uma das poucas estrelas que brilhavam naquele céu escuro de homens sérios e plenos de brasilidade? Negar a evidência de que a água é um composto de duas partes de hidrogênio e uma de oxigênio?


Ah, o arrependimento não vai demorar. E vamos cantar com Carlos Galhardo: “O arrependimento quando chega /Faz chorar /Faz chorar...”

E fica provado: em terra de cego o rei nem precisa ter olho.

Que mancada!

LULA ENDOIDOU


Oriundas do Planalto, continuam as investidas contra a livre imprensa e a cultura. É como um anúncio de uma catástrofe institucional que vem justamente da parte de quem é pago com o dinheiro de todos nós para evitar esses desatinos. E mais: pago para coibir e punir a grossa corrupção desse governo.


Há indícios, sobretudo para eleger Dilma no tapa, da existência de sinistros dispositivos preventivos para nos livrar de Serra e de Marina. Há até riscos de ruptura institucional. Mais uma vez, em nossa história, a subversão ameaça vir de cima.


Ele fez tudo e de tudo por um terceiro mandato. Não deu. Fabricou a Dilma por ter fracassado, já que golpe não é mais possível no Brasil de hoje.


O que parece assustar o presidente é a grossa corrupção registrada em seu governo. Evidente que a oposição é que é corrupta, pois a máquina administrativa comandada pelo ex-metalúrgico tornou-se uma vestal protegida pelo varão de Plutarco, que é ele próprio.

O GRANDE ENIGMA


O grande enigma da nação, ganhe Dilma ou ganhe Serra, é a mudança dos ministros. Tal mudança nada tem a ver com a eficiência administrativa, mas com o projeto central de um e de outro. O de D. Dilma é Lula continuar no poder. As composições serão feitas para saciar aquilo que o finado Jânio Quadros chamava de “apetites”.


O que menos se espera dos futuros ministros é que entendam de alguma coisa de suas pastas. Eles nem estão aí. Estão numa Suécia inventada para melhor esquecer o Brasil.

REELEIÇÃO


Gostaria de ter uma audiência com os poderosos do dia para lhes dizer que, na minha insignificância de cidadão, e ao contrário dos visitantes habituais, sou contra a reeleição a partir do próximo governante. Um mandato de cinco anos, vá lá. Mas sem reeleição.


Colaborando com a austeridade dos gastos públicos, dispensarei os cafezinhos.

DEPRIMENTE


Bons tempos aqueles em que apenas o presidente e meia dúzia de capangas chantageavam os fornecedores e empreiteiras do governo. A decomposição moral da maioria da classe política, PT no pódio, é mais ostensiva e deprimente.

MARINA, O QUE FAZER?


Segundo turno, Dilma e Serra, eleição no próximo dia 31. Lula anda bufando. Esperava uma lavagem estomacal nas urnas. Aconteceu de ele não eleger sua marionete, e por um detalhe que lhe doeu muito, tirou-lhe o sono e a confiança no que pode agora acontecer: Marina Silva, ex-ministra do meio-ambiente de seu governo, trocada pelo insuportável Mangabeira Unger. Caladinha, ética, sábia, ela não se suicidou. Não gosta de verbos essencialmente pronominais. Simplesmente pediu o boné.

Marina conquistou os brasileiros, principalmente o eleitorado jovem, que viu nela algo de diferença positiva. Sozinha, poucos recursos, subestimada pelos grandalhões da República, Marina saiu das urnas com surpreendentes e honrados 20 milhões de votos. Um espanto para Dilma e Lula que arrastou a eleição para um 2º turno.


E agora? Bom, agora, na sua sabedoria, na sua simplicidade, nos seus conhecimentos sobre o que será melhor para o Brasil, a pátria amada, idolatrada, salve, salve, Marina pede mais luz a Deus e decidirá de que lado fica. Mas não decidirá sozinha, como um Nero caboclo de polegar para cima ou para baixo.


Ouvirá seus partidários, talvez promova uma convenção etc. Ninguém acredita em apoio a Dilma. E apoiar Serra será uma questão muito pessoal dela. Mas há essa possibilidade, ainda assim somente depois de somar sugestões e conselhos de gente do coração político. Com tal votação expressiva, ela pode muito bem, desde agora, pensar em 2014.


Daí, o que resolver agora pode levá-la a uma verdade que nasceu com o homem – quem planta o bem, colhe o bem; quem planta o mal...

Marina, hoje, é bem mais “cantada” do que a encantada Marina do genial baiano Dorival Caymmi.

E sem pintura.

RISCO DISPENSÁVEL


Depois do vexame eleitoral na disputa do governo pela segunda vez, Lúcio Alcântara já encomendou o pijama de seda. Dizem que confeccionado em Paris. Para uma grande derrota, um luxuoso pijama. Pelo menos.


Uma bobagem corre nos bastidores. Falam que Lúcio estaria pensando em lançar o filho, Leonardo, candidato à prefeitura de Fortaleza, cargo já exercido pelo pai, bionicamente.


Se tiver fundamento, comete uma maldade com o Leonardo, rapaz boa gente. Não merece correr o risco de acompanhar o pai neste tipo de vexame.

Por que não deputado federal mais uma vez? É jovem e tem qualidades.

ROMPIMENTO DEFINITIVO


Tasso anunciou sua decepção com os Ferreira Gomes. Padrinho, patrono e protetor de Ciro por incontáveis anos, fez dele prefeito de Fortaleza (onde só ficou 14 meses) e depois governador. Na época, pelo PMDB, pois o PSDB só seria fundado em 1988, via FHC, Ruth Cardoso (a grande e inesquecível primeira-dama mais respeitável do país), Franco Montoro, José Serra, Artur da Távola e Mário Covas, saudoso governador de São Paulo.


Vale lembrar, historicamente, que quando Tasso foi eleito, em 1987, dos 22 governadores da época, 21 eram do PMDB. A única exceção foi João Alves, do PFL de Alagoas.


Tasso e Ciro eram então tidos como irmãos siameses. Mas, acabou. Ciro fez papelões conhecidos, e Tasso resolveu esquecê-lo até o Juízo Final, englobando todos os Ferreira Gomes.


Ciro esquece o que diz Voltaire, em Édipo: “A amizade de um grande homem é um benefício dos deuses.”

E ele ainda vai fazer parte da coordenação da campanha de D. Dilma.


Que promoção!

NOBEL


Para a Academia Sueca, o Brasil não existe. O Nobel de Literatura já saiu duas vezes para o Chile (Gabriela Mistral e Pablo Neruda), uma vez para a Colômbia (Gabriel Garcia Márquez) e acaba de sair para Vargas Llosa, do Peru, países bem menos desenvolvidos que o Brasil. Isso sem falar no português Saramago, único estrangeiro de língua portuguesa a ser contemplado com o cobiçado prêmio. Por que, hem?


Como candidatos oficiais, já tivemos Jorge Amado, Betinho, Irmã Dulce e Guimarães Rosa. A Academia simplesmente ignorou-os. Muito estranho. Há alguma coisa ou alguma figura de relevo na comissão do Nobel que nos olha com aquele olhar de cobra quando vê sapo.


A literatura brasileira, em matéria de grandes nomes, é uma das mais ricas do mundo. De Machado de Assis a Jorge Amado encontramos escritores mundialmente famosos, com grande destaque ainda para o versátil paulista Monteiro Lobato (1882-1948) e sua imortal literatura infantil. Foi o autor mais procurado na mais recente Bienal de São Paulo.

domingo, outubro 03, 2010

DIÁRIO SECRETO (1)


Jânio e Collor vieram do nada e deu no que deu. Lula, grande peão, notável e feroz líder operário, ex-metalúrgico que enfrentou a ditadura ensandecida e projetou-se mundo afora. Virou presidente, deixou-se levar pela volúpia do poder, patrocinou uma montanha de desatinos e ainda assim tornou-se o mais popular governante da história do Brasil, com 80% de aprovação, algo “jamais visto antes neste país.”


Ofereceu ao povo pão e circo eleitoreiro e agora, depois de fazer tudo o que condenava – mas tudo mesmo, ao pé da letra – esculpiu em bolha de sabão, para sucedê-lo e obedecê-lo, um vulto de mulher despreparada para governar o mais importante e maior país do continente sul-americano. Pelas pesquisas, deve ser eleita logo no 1º turno. Mas só as urnas darão a palavra final do que pode acontecer neste nervoso final de semana de grandes expectativas.

DIÁRIO SECRETO (II)


Não vamos radicalizar. É preferível brincar. Repassamos aos nossos leitores a frase do ano, rolando pela internet: PARA OS CHINESES, 2009 FOI O ANO DO BOI. 2010 É O ANO DO TIGRE. FELIZES SÃO AQUELES QUE, A CADA ANO, TROCAM DE ANIMAL. NÓS JÁ ESTAMOS HÁ OITO ANOS COM O BURRO E, SE NÃO SOUBERMOS VOTAR, 2011 SERÁ O ANO DA BURRA.


Não é baixaria; é cortesia. Dilma dificilmente será derrotada. Ela não é ela, é o Lulinha, e o povo adora o presidente, reverenciam-no como jamais se viu por aqui. Chega a ser amado como foram Getúlio e Juscelino. Deve eleger sua criação. Mas não vale cantar agora. Cada eleição tem suas surpresas. E ela pode surpreender e até fazer um bom governo. Por que não? Benza Deus.


Não podemos nunca é repetir o que Carlos Lacerda fez com Getúlio, em 1950. Brilhante e terrível como adversário, dizia: “Ele não pode ser candidato. Se for, não pode ser eleito. Se for eleito, não deverá tomar posse. E se tomar posse, não o deixaremos governar.”

O que ocorreu depois (24 de agosto de 1954) ainda dói em nossos corações. Dilma, se eleita, governará em paz. O mundo não acabará e ninguém dará um tiro no peito, como acabou fazendo “o pai dos pobres”.

DIÁRIO SECRETO (III)


Reinam por aí, cada um a seu modo, figuras amarantíssimas como Sarney, Renan Calheiros, Jarbas Barbalho, Fernando Collor, José Dirceu, Genoíno, o irmão do Genoíno, deputado federal e presidente do PT no Ceará, José Guimarães – o homem dos 100 mil dólares na cueca – Dalúbio Soares, Sílvio Pereira (CPI dos Correios) e outras celebridades da corrupção, dos trambiques, das pilantragens, das escroquerias, das patifarias, dos mensalões (peraí, peraí, se não o computador protesta e congela a imagem).


Lembrem-se de Marcos Valério, que ganhava contratos do governo e repartia com depósitos em contas listadas pelo PT. Excelente vigarista. O PT e Valério sempre foram um só na hora de atacar o Erário. Lulinha jamais “sabia de nada”. Nem mesmo que muitos petistas presos aceitavam propinas de madeireiros que devastavam a floresta. Governou às avessas, contrariando tudo o que combatia, poderoso como um Napoleão com a mão na cintura, antes de morrer na ilha de Santa Helena, bem no meio do Atlântico, com um câncer no estômago e não envenenado, como querem alguns historiadores apressados.

DIÁRIO SECRETO (IV)


São incontáveis os escândalos da deterioração moral do governo de Lula. Não caberiam sequer num livro de dois-três volumes. Imagina num modesto blog de província. Ainda assim, há de ser lido, já que, neste governo desmoralizado, a cultura e as empresas de comunicação – a imprensa em geral -- são vigiadas e controladas tal qual planeja o Franklin Martins, carrasco-mor da categoria.


Um dos maiores erros do Lulinha foi ter sempre confundido o PT com o governo. Como Dona Dilma, que um dia foi brizolista ardorosa, não manda nada, rigorosamente nada no PT, o presidente ficará mandando nos dois, sem exercer nenhum cargo. Afinal, além de marionetes e do alto de sua invejável popularidade, ele também é craquérrimo em ventriloquia.


Na Máfia dos Sanguessugas – lembram? – 112 parlamentares e 60 prefeitos de cidades importantes receberam milhões de dólares. O ex-ministro Humberto Costa liberava dinheiro para velhos e conhecidos mafiosos investigados pela Polícia Federal, presos e imediatamente soltos por juízes do esquemão. Sim, o governo de Lula corrompeu muitos componentes de grande influência nos Três Poderes.


Só os militares de todas as patentes se comportaram com dignidade e jamais se meteram em qualquer tipo de falcatrua, no cumprimento de seu dever constitucional. Saíram algumas vezes dos quartéis convocados para ajudar a polícia no combate ao crime organizado, envolvendo traficantes dos morros cariocas. E vão nos ajudar agora a manter a ordem durante as eleições em vários Estados e municípios.

DIÁRIO SECRETO (V)


E haja escândalos. Os PTbulls não dão trégua. O assassinato jamais esclarecido do prefeito de Santo André (PT), Celso Daniel, em janeiro de 2002, teve conotação política. As investigações indicavam um dossiê sobre corrupção que ele elaborou, apontando “gente grande do partido”. Município do ABCD paulista, altamente industrializado, Celso Daniel fez um ótimo trabalho e acabou descobrindo grossas falcatruas que motivaram seu assassinato covarde e brutal.


Até hoje, ao que sabemos, ninguém está preso por esse crime. As gavetas estão lotadas de processos, e delas os processos não saem. Caíram, vamos dizer assim, “no esquecimento”, em razão de outros escândalos mais graves e sempre ao derredor do PT.


Para colaborar na campanha de Lula, a imprensa mundial deu destaque às notícias segundo as quais o ditador Fidel Castro remeteu milhões de dólares de Cuba. Lula em a mania de se tornar amigo de ditadores, mesmo medíocres como Hugo Chaves, o maluco da Venezuela. Com Fidel, tinha relações cordialíssimas, que ainda permanecem vivas e robustas com o irmão do ditador mais antigo do mundo.

Vez por outra telefona para Muammar Kadaf, o sinistro ditador da Líbia, e gosta de ouvir as histórias sobre o “humanismo” do velhíssimo país ao norte da África, terra da mitológica Ninfa. Isso sem falar no cruel Mahmude Ahmadinejad, o todo poderoso do Irã, de nome complicado e uma ameaça nuclear ao mundo. É afável amigo do presidente brasileiro.


Pode ser que o querido Mahmude esteja ajudando na eleição de Dilma, coisa que Kadaf, mesquinho, não mete a mão no bolso. Tem apego doentio a dinheiro e diamantes. Quanto a Mahmude, amigo é pra essas coisas. A não ser que Deus nos ajude e mostre que o PT é de vidro e chegou a hora de se quebrar em cacos.


Ou a coisa engrossar e o esquemão passar anos a fio no governo, como fizeram Hitler, Mussolini, Franco, Salazar, Stalin, Lenin e outros, todos com finais trágicos. Stalin morreu de uma hemorragia cerebral, em março de 1953. Morte morrida e não morte matada, como se diz.

DIÁRIO SECRETO (VI)


Este final de semana é decisivo para o futuro do Brasil, tão belo, tão grande, tão rico pela própria natureza, e tão miseravelmente administrado por presidentes ignorantes e desonestos (as exceções são pouquíssimas e desconhecidas dos jovens de hoje). Ao todo, incluindo Lula, já tivemos 34 presidentes.


A esse respeito, algumas curiosidades valem registro. Rodrigues Alves e Tancredo Neves foram eleitos presidentes e não assumiram por motivo de doença e morte. O símbolo da campanha dos presidentes Hermes da Fonseca e Jânio Quadros era uma vassoura. Hermes queria varrer a roubalheira dos “civilistas” de Ruy Barbosa. Jânio queria varrer a roubalheira que atribuía a JK, de quem tinha repúdio (ou inveja?) pessoal. E corriam os versinhos, bem coisa nossa: “Varre, varre, vassourinha / Varre, varre, vassourinha / Varre a sujeira dele / E varre também a minha.”


Dos vários militares que ocuparam o cargo, apenas dois foram eleitos pelo voto popular: Eurico Gaspar Dutra e Hermes da Fonseca. Somente dois presidentes, depois de 1930, passaram a faixa para seus sucessores: Gaspar Dutra e JK. Fernando Henrique passou a faixa para si mesmo, depois de se reeleger, graças a uma imoralíssima emenda constitucional que conseguiu, ao “comprar”, despudoradamente, a maioria dos senadores e deputados. Dentre os presidentes, houve 15 militares e 26 civis.


Cabe registrar também que nossos presidentes nasceram em apenas 13 dos atuais 27 Estados brasileiros. Os recordistas, com sete cada um, são Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Cinco nasceram em São Paulo. Com dois presidentes cada, temos Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba e Santa Catarina. Por fim, com um presidente, aparecem Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte e Pernambuco, berço do Lulinha.

DIÁRIO SECRETO (VII)


Hoje é dia de eleições no Brasil, dia de 130 milhões de eleitores votarem. O voto, é bom que se diga, é a arma por excelência da vida democrática e permite a cada um participar das decisões que dizem respeito à coletividade, o que significa, igualmente, responsabilidade pessoal em face das decisões tomadas.


O voto é um direito, mas também um dever cívico e moral. Por isso mesmo, constitui grave culpa cívica e moral não votar, ou não votar naquele que a consciência indica como mais honesto e mais competente. O candidato que, de qualquer maneira procura obter votos pelo suborno ou demagogia, não é digno deles.


A grande massa da população brasileira é completamente alienada da vida política nacional. Corroída pela subnutrição e pela fome, enganada perversamente com os truques petistas de bolsas disso e daquilo, abandona desinteressada o destino da nação nas mãos de uma minoria de políticos sem escrúpulos e que não dão a mínima para a promoção do povo que representam.

DIÁRIO SECRETO (VIII)


Hoje, antes de votar, pense duas vezes para não se arrepender. Fique certo de que sua luta e seu voto serão inúteis, enquanto você permanecer à margem do processo político, e não assumir, você mesmo, a escolha de líderes que autenticamente representem os seus interesses.


Mire-se nos exemplos dos senadores Pedro Simon e Jarbas Vasconcelos (foto) dentre os poucos parlamentares de espírito público, dignos e moralmente inatacáveis que não integram a péssima imagem do desmoralizado Congresso Nacional que temos aí. Congresso que suga uma fábula de bilhões de reais do nosso bolso para custear as quadrilhas de assaltantes, blindadas pelo mandato que jamais souberam honrar.


É chegada a hora de o eleitor se conscientizar de sua dignidade e de seus direitos espoliados, gerando estímulo para um dinamismo revolucionário. Votar é uma obra de apostolado cívico, uma oportunidade de exigir esses direitos e dar um fim no contraste entre eles e a situação de miséria e injustiça a que estamos reduzidos.

Precisamos enxergar no voto o único caminho para encontrar aquele elemento fundamental de qualquer programa cívico autêntico, desde que isso seja feito com a disposição de colaborar com o homem e a sua comunidade, para criar condições compatíveis com a nossa dignidade.


Chega de PT, de Dirceus, de Sarneys, de Barbalhos, de Renans. Chega dessa raça desprezível que nos explora com sua visão fascista de regimes totalitários. Do lado oficial, os candidatos são absolutamente imprestáveis, unidos em torno de um PMDB que se alimenta de cargos influentes e a peso de ouro, cujo presidente, Michel Temer, vice de D. Dilma e presidente nacional do partido, já briga ferozmente entre eles à procura das fatias que os tornem milionários de dinheiro e de poder cada vez mais, e mais, e mais.

DIÁRIO SECRETO (IX)


Pois vamos votar. Votar com o pensamento no Brasil. Conscientemente. Vamos liquidar os que têm fome e vontade de comer de ambos os lados, Lula permanecer mandando, e o grupo que o apóia permanecer com quem manda. Para manter esta situação todos são insaciáveis. Até porque dará muito trabalho montar tudo de novo e comandar tantas gangues.

Tivemos o totalitarismo militar que degradou o país por mais de 20 anos. Temos agora o totalitarismo formado por alguns civis armados pela desonestidade e pela corrupção. Somos vítimas de um e de outro regime.

O presidente é incansável. O bafio acaciano de suas últimas declarações verborrágicas, principalmente agredindo a cultura e a imprensa livre, poderia acentuar a ironia. Com a palavra o próprio Acácio: nada melhor do que ficar sempre no melhor.

Vamos votar? Quem sabe, estamos agora preparados. Caso contrário, Deus tenha piedade de nós. Aperte o botão e veja a imagem: escolha o presidente, o governador, os dois senadores, o deputado federal e o deputado estadual.
Mais uma vez, em, nossa história, o voto nos aconselha veemente -- deixem de ser burros; vocês têm á mão uma arma mortífera e infalível.

Juízo, pessoal. Voto e juízo não perdem eleições.