sábado, fevereiro 19, 2011

CLARICE


Estou acabando de ler Clarice, biografia da escritora e jornalista Clarice Lispector (1925-1977), do tipo best-seller, do escritor americano Benjamin Moser (Editora Cosac Naify, 2009). Presente de minha querida amiga Marilda Vale e com mais de 600 páginas, essa obra é um monumento à bela e culta autora de Perto do coração selvagem (1943), seu livro de estréia e talvez o melhor de todos os que escreveu. Era linda. Nascida na Ucrânia (Rússia), a família veio para o Brasil fugindo da guerra, fixando-se em Recife. A pequena Clarice tinha apenas dois meses de idade. Seu texto, mesmo nas centenas de cartas para suas irmãs e os muitos amigos brasileiros, é sempre brilhante. Está entre as primeiras mulheres a exercer a profissão de jornalista, trabalhando na Folha, do grupo Assis Chateaubriand.


Temperamento difícil, isolada em si, adorou tanto o Brasil que acabou sendo naturalizada. Seu marido – e não seu amor – foi o diplomata Maury Gurgel Valente, de conhecida família de latifundiários de Aracati, aqui no Ceará. Como diplomata, ele viajava muito, e foi assim que ela conheceu vários países.


Posso assegurar, sem sombra de dúvida, que Clarice foi uma das escritoras mais notáveis do Brasil e talvez a menos divulgada, daí ser pouco conhecida, apesar de sua obra laureada, da beleza física e da inteligência fora do comum. Morreu aos 52 anos, no Rio de Janeiro, sem saber que sofria de câncer generalizado. Pediu para não ser fotografada morta.