sexta-feira, abril 20, 2007

SÓ FREI GALVÃO

Num país civilizado, com gente de vergonha e eleitor consciente, a reeleição tem dado certo em todo eles. No Brasil, todavia, um país moralmente bordejante, políticos decepcionantes e eleitorado inconsciente, um mandato de quatro anos – reconheça-se – é pequeno. Mesmo um de cinco. Só que, no caso da reeleição, não há um escasso brasileiro que não tenha absoluta certeza do uso dos tapetes palacianos em benefício próprio.

E aí é onde a porca torce o rabo. Basta ver que, mesmo não sendo candidato em 2010, por impossibilidade constitucional, Lula que fazer seu sucessor a peso de ouro e de 12 mil cargos para garantir a volta em 1914. Age aberto. Seu ministério é uma bem urdida peça de xadrez com esse fim. Os tucanos Aécio e Serra não amedrontam. Quando muito, moscas na ponta do nariz. Lula elege o sucessor. Jogará duro. E daí em diante só Frei Galvão...

sexta-feira, abril 13, 2007

POBRE GENTE

Para espanto nacional, deputados e senadores anunciaram que não trabalham mais às segundas-feiras. Onde já se viu trabalhar Dia das Almas? Ora, quem já não faz nada de terça a sexta, a segunda-feira pode parecer assim aquele papo de um par de botas do conto machadiano, onde uma e outra filosofam entre formidáveis bocejos. Quem já usufrui mais de 80 dias de férias por ano, não será uma reles segunda-feira que implodirá o Congresso.

Deputado e senador não têm nada que trabalhar. O Brasil, sem eles, atravessa o abismo na corda bamba. Lembram da Maria Candelária? Pois é. Caiu na letra O. Nossos parlamentares caem em todo o abecedário, mesmo nos extintos Y, W e K, contanto que ganhem cachês, jetons. Etc. Tem até graça: trabalhar segunda-feira. Se nem cabeleireiro trabalha e alguns restaurantes nem abrem, por que deputados e senadores? É muita marcação com essa pobre gente.

terça-feira, abril 03, 2007

NEGÓCIO DA ROÇA

Quem conta é Rubem Braga, o sabiá da crônica. Ele diz que comprou um cavalo por 700 cruzeiros e vendeu por 900. Não ganhou nem perdeu. Mas como? Se ele comprou por 700 e vendeu por 900, como é que não ganhou nem perdeu? “Não ganhei nem perdi”, insistiu. Você disse que comprou por 700? Comprei. E não vendeu por 900? Vendi. Então você ganhou 200. Não ganhei nem perdi. Mas como? E Rubem, finalmente explica: -- Comprei o cavalo por 700 contos e não paguei. Vendi por 900 e não me pagaram. Não ganhei nem perdi.

LEITURA

Para ler o bom, uma condição é não ler o ruim, porque a vida é curta e o tempo e a energia escassos. É por isso, no que se refere a nossas leituras, a arte de não ler é sumamente importante. Esta arte consiste em sequer folhear o que ocupa o grande público, o tempo todo. Esperar que alguém tenha retido tudo que já leu é como esperar que carregue tudo o que já comeu.