Estavam  lá, na pequena mas seletiva biblioteca de meu pai. Eram os livros que  não podíamos ler, proibidos por uma questão de pudor doméstico, tabu ou  algo parecido. Vou citar três: O crime do Padre Amaro, de Eça de Queiroz (foto), A Carne, de Júlio Ribeiro, e Nossa vida sexual, de Fritz Kahn.
  
 
 
Tínhamos a nosso alcance a coleção O tesouro da juventude (o livro dos porquês) e a velha e maravilhosa Crestomatia, do Radagasio Taborda, edição de 1935, e a Aritmética Progressiva, de Antônio Trajano, de 1956, já naquele tempo na sua 86ª  edição, afora a famosa Gramática Expositiva,  de Eduardo Carlos Pereira, que teve mais de 100 edições durante a  primeira metade do século XX. Tenho-os preservados como um tesouro, a 77  chaves.
  
 
 
O livro de Fritz Kahn foi um dos grandes libertários da minha geração. Em retrospecto,  estou  convencido de que havia mais relações sexuais entre os jovens do meu  tempo que entre os de hoje. Mas havia o medo do poder sexual da mulher  e, não raro, a timidez do aspirante a namorado que não ousava se  expressar.
  
 
 
E  sexo, claro, não é nada disso. É uma experiência complicada, que poucas  vezes dá certo para os dois parceiros. Mais fácil para o homem, que  sempre se satisfaz, ainda que mediocremente. Em bom português, tem  mulher sobrando e homem, não.