sábado, fevereiro 05, 2011

LIVROS


Estavam lá, na pequena mas seletiva biblioteca de meu pai. Eram os livros que não podíamos ler, proibidos por uma questão de pudor doméstico, tabu ou algo parecido. Vou citar três: O crime do Padre Amaro, de Eça de Queiroz (foto), A Carne, de Júlio Ribeiro, e Nossa vida sexual, de Fritz Kahn.


Tínhamos a nosso alcance a coleção O tesouro da juventude (o livro dos porquês) e a velha e maravilhosa Crestomatia, do Radagasio Taborda, edição de 1935, e a Aritmética Progressiva, de Antônio Trajano, de 1956, já naquele tempo na sua 86ª edição, afora a famosa Gramática Expositiva, de Eduardo Carlos Pereira, que teve mais de 100 edições durante a primeira metade do século XX. Tenho-os preservados como um tesouro, a 77 chaves.


O livro de Fritz Kahn foi um dos grandes libertários da minha geração. Em retrospecto, estou convencido de que havia mais relações sexuais entre os jovens do meu tempo que entre os de hoje. Mas havia o medo do poder sexual da mulher e, não raro, a timidez do aspirante a namorado que não ousava se expressar.


E sexo, claro, não é nada disso. É uma experiência complicada, que poucas vezes dá certo para os dois parceiros. Mais fácil para o homem, que sempre se satisfaz, ainda que mediocremente. Em bom português, tem mulher sobrando e homem, não.