VIOLÊNCIA
Os crimes de morte no Ceará, mais na capital que no interior, e batendo recordes, clamam aos céus porque é mais do que violência e porque não é um fato isolado. Lida-se no Brasil com o cotidiano da morte institucionalizada, como se matam porcos. Com uma diferença: estes gritam, denunciam as regras da natureza que é viver, e os homens não, porque estão dormindo.
Mata-se nas cidades e nos campos. Mata-se no país inteiro e, o que é terrível, o comprometimento de quadros significativos do aparelho policial com o crime. Cria-se uma aliança hedionda, numa contradição trágica. O crime desperta revolta, mas essa revolta passa a ser o próprio crime, e o Estado, responsável pela segurança e ordem pública, transforma-se em algoz do próprio povo e destrói a si próprio.
Onde vamos parar? Ninguém sabe, porque a escalada continua. A situação é tão grave que não se procura mais nem saber se é verdade. Qualquer coisa é possível e crível. O país precisa de idéias, de valores, e entre eles o maior se todos, que foi esquecido, dos direitos humanos, e, nestes, o mais elementar: o direito à vida.
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