PARA QUE SERVEM OS VICES? (II)
Semana passada expliquei aqui a origem do vice, cargo criado pela constituição americana de 1787. E historiei os vices americanos e brasileiros que se tornaram presidentes. Prometi falar nos mais recentes vices do Ceará, e aqui estou. Alguns assumiram o governo efetivamente. Em nenhum caso, pela morte do titular, mas pela renúncia, a fim de concorrerem a outros cargos eletivos.
Plácido passou o o comando ao coronel César Cals Filho (1971-1975), com o vice, também coronel, Humberto Bezerra, irmão gêmeo de Adauto, que foi o próximo governador, renunciou antes de completar três anos no poder para cuidar de assuntos particulares e passou o cargo para o vice, Waldemar Alcântara. Virgílio voltou ao Abolição em 1979 e renunciou em maio de 1982 para ser senador, também pela segunda vez. Assumiu o vice, Manuel de Castro, que ficou dez meses no poder e preparou a eleição de Gonzaga Mota (o senador José Lins Albuquerque esperava ser o contemplado), que acabou eleito com o apoio de Virgílio, Adauto e César, nascendo daí o histórico “Acordo de Brasília” e dos 33% dos cargos para cada um dos três coronéis-caciques.
Os gaiatos inventaram logo que Gonzaga ficou com o 1%, a fim de nomear a primeira dama... Mas Gonzaga logo rompeu com eles. Na seqüência, entra em cena o empresário Tasso Jereissati, eleito governador em 1986, pelo PMDB. Em pleno governo, ajudou Ciro Gomes a se eleger prefeito de Fortaleza, substituindo Maria Luíza Fontenele (PT). Ciro passou apenas 14 meses na prefeitura e saiu para ser governador, em 1990, já agora pelo PSDB e sempre pelas mãos de Tasso. Pouco antes de terminar o mandato, Ciro renunciou para ser ministro da Fazenda de Itamar Franco, coroando uma fulminante carreira política. O vice, Lúcio Alcântara, não pôde assumir, pois era candidato ao Senado, e então o deputado Francisco Aguiar ocupou o governo por 84 dias, presidente que era da Assembléia.