sábado, junho 21, 2008

PERISCÓPIO

++ Poucos percebem. Estávamos no mundo para fazer espermatozóide. A Capela Sistina, a Nona Sinfonia, a Itaipu Binacional, foi tudo produção secundária, tudo bico. Nossa missão era fornecer espermatozóide. Nossa missão acabou.

++ Soa esquisito Machado de Assis se chamar Joaquim Maria, pois não é comum a associação dos dois prenomes. Mas há uma razão. Joaquim Maria foi a associação do prenome de seu padrinho, Joaquim Alberto da Silveira, e do prenome de sua madrinha, Maria José de Mendonça Ramos.

++ O maior brilho do Barão de Itararé era compor sua graça de observações lógicas de fatos corriqueiros. Como nesta definição: “Negociata é um negócio para o qual não fomos convidados.”

++ O pobre-diabo pensa que sabe escrever. Não sabe. Sem ter o que fazer e dinheiro no bolso, vive a lançar livros com suas tolices e erros de português. Em vez de correr atrás de dar autógrafos, devia comprar uma gramática. Embora saiba (creio) que burro velho não aprende a marchar.

++ Todo educador bem devia armazenar na memória, como guia e alento de seu ofício, esta conclusão de Helvetius: “Para a educação, nada é impossível: é ela que faz dançar os ursos.”

++ Há os que viajam para ver e os que viajam para ser vistos. Os primeiros se comprazem nas próprias emoções. Os segundos se deliciam em humilhar o próximo, na hora do regresso, com o relato do que viram e especialmente do que não viram. E chateiam meio mundo com aqueles álbuns de viagem.