Entre os altos espíritos que profundamente me marcaram, coloco o escritor Humberto de Campos (1886-1934) entre os primeiros. Nunca o li ou reli que não sentisse, no mesmo instante, o cérebro em movimento, ora para concordar com ele, ora para discordar. Membro da ABL muito jovem, deixou-nos 40 volumes em obras-primas. Suas Memórias e seu Diário Secreto sacudiram o país.
Foi escritor mais lido de sua época. As qualidades da sua prosa são das mais fluentes e mais inconfundíveis da nossa literatura. Morreu numa mesa de cirurgia, enquanto os médicos tentavam lhe abrir o cérebro para corrigir uma irregularidade na hipófise, essa pequenina glândula situada no meio do crânio, responsável pelo comando de tantas funções importantes do corpo. Cinco cirurgiões fizeram parte da delicada operação.
Antes da anestesia geral, um deles perguntou ao escritor: “E então, meu caro, está com coragem?” Humberto deu um sorriso de canto se boca e respondeu: “Coragem uma ova. Estou morto de medo. É uma luta desigual. São cinco contra um...”
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