sábado, março 29, 2008
LEMBRANÇAS
sábado, março 22, 2008
O CENTRO DA CIDADE
O centro da cidade, sobretudo naquele quadrilátero que vai da Imperador à Floriano Peixoto, tornou-se um grande problema para as milhares de pessoas que circulam por lá, a pé, de carro, de ônibus ou de carroça. A área cresceu sem planejamento urbano e ficou imprensada entre encontros e desencontros de ruas e avenidas que se arrastam como cobra ferida. Do jeito que está, nenhum arquiteto dá jeito. O empresário Pio Rodrigues já faz de tudo para “repensar” o centro, reurbanizá-lo, inventar qualquer coisa afim. Uma luta que ele tomou para si, desde que presidiu a CDL, quando construiu a nova sede da entidade, na 25 de Março.
AOS QUE SE FORAM
“Uma das coisas que me doem é o grande número de amigos que morreram e que deviam ainda estar aqui entre nós, a ajudar com sua experiência, o talento, a contemporaneidade, o companheirismo, o desejo permanente de alcançar a luz do túnel. Nunca mais terei como revê-los. Todos estão no imperturbável silêncio para sempre que cala a boca dos que se foram para o país indescoberto, para o indevassável país que a todos nos espera, neste exílio universalmente inevitável, ou nessa paz insubornável que a todos nos iguala.
A vida distribui-se com clamorosas injustiças. É como a renda. Mas a morte tem o agudo perfil da justiça para todos. Eis, porém, que encobre desígnios indecifráveis, segundo um calendário que escapa à nossa razão e sobretudo às razões do nosso coração. Como agüentar a ausência de tanta gente boa que foi embora? Desfrutando de uma memória que ainda não foi atropelada pelos grotescos esbarrões da esclerose, posso reconstituir vários dos amigos que foram e não voltam nunca mais (alguns já foram tarde).
À parte deformações sempre bem-vindas que se produzam nos porões de nossa emoção, a memória afetiva jamais se engana. Pois é à memória afetiva que me fala a presença dessa palmeira de gentis-homens que para mim ultrapassaram os limites protocolares do cartão de visita ou da impostura do curriculum vitae. Quanto aos amigos graças a Deus ainda vivos, não tive dificuldades para encontrar muitos deles que têm a extensão e a profundidade, a abertura e a inquietação que caracterizam a nossa atividade de escribas, a única que não tem chefe.
domingo, março 16, 2008
PSDB E PT JUNTOS ?
Também não dá para crer que um partido, com maioria na Assembléia e nos municípios, não tenha nomes para concorrer com Luiziane Lins ou com outro candidato qualquer. Que adianta o boi e a cana, sem o engenho para extrair o produto?
Por isso, resguardando-se, Tasso quer o máximo de distância do PT, uma distância que desse várias voltas ao redor do globo terrestre. Que o PSDB concorra à eleição, isto sim, todos querem ver. Em seus quadros há nomes respeitáveis, conhecidos, competentes. É só apontar na codorna e matar a codorna, sem riscos de errar e matar o cachorro.
sábado, março 08, 2008
ANAGRAMAS
Conhecem o adjetivo palíndromo? Certamente. É uma das curiosidades do nosso idioma. É a palavra, número ou frases que se podem ler indiferentemente da esquerda para a direita e vice-versa, sempre com o mesmo sentido: -- osso, 63736, orava o avaro. Etc. Vamos ver o menino que brinca de desarticular as palavras.
No fundo, um escritor é um sujeito que pela vida afora continua a mexer com as palavras. Pára diante delas, estranha esta, questiona aquela. O menino virava a palavra pelo avesso e se encantava. Saber que a leitura pode ser feita de trás pra diante é uma aventura. E às vezes dá certo. No conto “Satarsa”, de Julio Cortazar, a palavra é “roma”. Lida ao contrário, também faz sentido. Deixa de ser “roma” e vira “amor”.
Para o leitor adulto e apressado, isso pode ser uma bobagem. Para o menino é uma descoberta fascinante. Olhos curiosos, o menino vê a partir daí que o mundo pode ser arrumado de várias meninas. Não só o mundo das palavras. É a partir dessa possibilidade de mudar que o mundo se renova. E melhora. Ou piora. Não teria graça se apenas melhorasse. O risco de piorar é fundamental na aventura humana.
Mas voltemos ao menino de “Catarsa”. No embalo das palavras, vou me deixando arrastar de brincadeira, que nem o menino do conto. Um dia ele encontrou esta frase: “Dábale arroz la zorra el abad”. Em português, significa: “O vigário dava arroz à raposa”. Soa estranho isso, não soa? Mesmo para um menino aberto ao que der e vier, a frase é bastante surrealista. Um vigário e uma raposa. Na fábula e na vida real, a raposa é espertíssima. Será que come arroz? Não importa.
O que importa é que a oração em espanhol pode ser lida de trás pra diante. E fica igualzinha: “Dábale arroz la zorra el abad”. Pois este palíndromo não só encantou o menino, como hoje encanta qualquer escritor que se preze. Fica visto que as palavras podem se relacionar de maneira diferente. E mágica. Falar ao revés. Tudo isso para chegar ao que eu queria: ando tentando uma série de anagramas com o Brasil de hoje. Quem sabe, virando pelo avesso, a gente acha sentido no governo de Lula?
BARÃO E DUQUE
Em qualquer tratado de moral, os humoristas estão na primeira fila dos deveres. Deles, tenho um monte de livros. Millôr, Max Nunes, Stanislaw Ponte Preta, Fernando Veríssimo, Chico Anísio, Barão de Itararé e outros. No tempo de Getúlio Vargas, o Barão – Aparício Torelly (1895-1971), gaúcho de São Leopoldo – sofreu o diabo. Divertiu o país por mais de 50 anos com sua graça ferina. Intitulou-se duque. De duque rebaixou-se, “como prova de modéstia”, a Barão de Itararé, a batalha que não houve.