sábado, maio 16, 2009

PERISCÓPIO

1. Pensando bem, meus americanos favoritos ou são judeus ou meio-judeus ou são pretos e tocam algum instrumento. Prefiro o emocionalismo latino ao laconismo americano e acho o sangue-frio uma das piores qualidades humanas.


2. Não há copidesque no mercado – nem o do computador – que consiga tirar uma vírgula que seja de qualquer bula acompanhante da droga nacional.


3. Lula continua esfregando a mão, de júbilo, por conta de uma utopia chamada pré-sal. Equivalente ao sonho do famoso capitão de Moby Dick, a história da imensa e lendária baleia branca. É como emprestar dinheiro ao FMI e não emprestar um vintém ao Piauí.


4. Fico a pensar na vida que já vivi, nos companheiros mortos, nos amigos que me restam. Enquanto me pergunto se não perdi o melhor de mim mesmo nos sonhos que realizei.


5. Tenho a economia como uma ciência maldita. Trata do valor das coisas, uma abstração, como se fosse a coisa, o que é um pouco como retocar a radiografia, em vez de cuidar do doente.


6. De tanto fazerem o brasileiro de bobo, é assombroso que ele ainda não tenha feito uma bobagem. Taí um povo bom e paciente.


7. Que droga. Só me têm chegado notícias de que a morte anda ceifando agora a minha geração. Vou mudar de penteado, tirar a barba, para ver se ela não me reconhece.


8. Nas relações entre o escritor e o leitor, fico a refletir, hoje, quando o autor vende milhões de exemplares mundo afora. Bem diferente do tempo que José de Alencar e Manoel de Macedo mandavam vender seus livros por um preto de balaio no braço, como melancias e pirulitos.



9. Encerro a coluna ouvindo a canção “Pierrô”, de Joubert de Carvalho e Pascoal Carlos Magno, de 1932. Carlos Magno procurava uma canção inédita para a abertura de sua peça “Pierrô”, prestes a estrear. Além de romântica, a canção deveria explorar o belo timbre agudo de Jorge Fernandes, o cantor escolhido para interpretá-la. Tenho-a com Sílvio Caldas.




10. Todos esses requisitos foram preenchidos por Joubert de Carvalho, que compôs a tempo, sobre a letra de Pascoal, a canção dramática: “Arranca a máscara da face, Pierrô / Para sorrir do amor / que passou.” Sucesso no palco e no disco, a canção foi gravada até pela soprano Maria Lúcia Godoy, estourando nas décadas de 40 e 50. Joubert, que era médico, ficou mais famoso com “Maringá”.

4 Comments:

Anonymous Demóstenes, said...

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P I R O S C Ó P I O
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1. Pensando bem, é justamente o sangue frio dos americanos que os tornaram os homens mais poderosos do planeta, mas dizem que judeu e o meio-judeu americano, é a pior espécie que existe. Os pretos eu não sei, mas quem toca um instrumento, seja ele for de qualquer nacionalidade, transmite emoção e sensibilidade.

2. A droga nacional vem sempre desacompanhada da bula, para a que a gente não entenda, com todas as vírgulas, o mercado internacional.

3. No governo Lula, é um governo “Liliputiano”. Discute-se tantas futilidades e utopias, briga-se por tantos projetos inúteis, equivalente ao livro “As viagens de Gulliver” de Jonathan Swift, sobre a maneira de como quebrar os ovos.

4. Não fico a pensar na vida que não vivi, nos inimigos que me restam, nos camaradas que sobraram. Porquanto, eu afirmo ter ganho o melhor de mim, nos sonhos idiotas que não concretizei.

5. Tenho a política como um tratado maldito. Os legisladores criam leis de todas espécie, interferem em tudo num país, desde a economia, educação, justiça. Faz leis casuísticas, como se o povo vivesse em “Casa de Mãe Chica”.

6. Realmente, o brasileiro é muito bobo, mas, é a nossa maneira de ser. Que fazer! Principalmente, ser bobo é a maneira de ser do pobre, que só gosta de migalhas e da subserviência, prefere ser empregado do que patrão; Enquanto o rico faz um implante dentário, o pobre procura um protético suburbano para fazer sua dentadura, muitas delas com dentes de cavalo.

7. Interessante é que muita gente se orgulha de ser longevo, mas você já percebeu que, quanto mais longevos somos, mais solitários ficamos, justamente porque os da sua geração são pouquíssimos. O único amigo do longevo é àquela profissional que cuida do idoso. E não adianta se esconder, tirar a barba ou coisa parecida, não há quem se esconda da morte. Falar em morte, o “Bernaldo” figura muito conhecida na Serra do Félix, decidiu fazer um buraco para se esconder da morte. Resultado: morreu dentro do buraco. Deu menos trabalho à família.

8. Muitos escritores famosos inspiraram-se, para elaboração de suas obras, em casos reais. Você já imaginou a reação do protagonista ao ler a obra.

9. Encerro minha coluna,ouvindo o “maxixe” CORTA-JACA, de CHIQUINHA GONZAGA e Machado Careca. No acompanhamento: MARCELO FORTUNA ao violão e LÍDIA SEREJO na flauta. “EXECELENTE”. Ou então, ouvindo o piano da EUDÓXIA DE BARROS, que com seus dedos ágeis fica maravilhosamente linda, naquele TROLOLÓ... TROLOLÓ.

"CORTA-JACA"
"Neste mundo de misérias/quem impera é quem é mais folgazão/
É quem sabe cortar a jaca/nos requebros/de suprema, perfeição, perfeição
Ai, ai, como é bom dançar, ai!/Corta-jaca assim, assim, assim
Mexe com o pé!/Ai, ai, tem feitiço tem, ai!/Corta meu benzinho assim, assim!
Esta dança é buliçosa tão dengosa que todos querem dançar
Não há ricas baronesas nem marquesas que não saibam requebrar, requebrar/
Este passo tem feitiço tal ouriço/Faz qualquer homem coió/
Não há velho carrancudo/nem sisudo que não caia em trololó, trololó/
Quem me vê assim alegre no Flamengo por certo se há de render
Não resiste com certeza este jeito de mexer.

Francisca Edwiges Neves Gonzaga, mais conhecida como Chiquinha Gonzaga, (Rio de Janeiro, 17/10/1847 — Rio de Janeiro, 28/02/1935) compositora, pianista e regente brasileira. Filha de um general imperial com uma mulata. Abolicionista e republicana, Primeira maestrina do Brasil. Desde cedo começou a gostar tangos, polcas, valsas e frequentava rodas de lundu. Compôs “Abre Alas”, “Corta-Jaca” dentre outras, e 77 peças teatrais. Depois de dois casamentos desfeitos, casa-se a terceira vez com 52 anos com um adolescente de 16, o João Batista Fernandes Lage. Apaixonados viveram, até que ela morresse. Chiquinha morreu ao lado de seu grande amor, em 1935, quando começava Carnaval. Chiquinha quando faleceu estava com 88 anos e João Batista com 51 anos. Quanto amor!

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MODERNISMO – JÁDER DE CARVALHO

Teu cabelo à Rodolfo,
Tuas olheiras românticas,
Teus quadris inquietos e atordoadores,
Teus seios bico-de-pássaro
- dão-me a idéia cabal deste século ultra chic!

Ontem, quando deixavas o cinema,
- o colo nu,
Os braços nus.
A perna escandalosamente nua,
Eu tive a súbita impressão de que,
Na bolsa de ouro a te pender da mão,
Vinha (de precavida que és),
- o teu vestido...


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MULHERES INESQUECÍVEIS – AS EX-PRIMEIRAS-DAMAS

NAIR DE TEFFÉ era uma mulher muito à frente da época em que viveu. De procedência nobre, o que não impediu ser da maneira que era, foi cantora, pianista e pintora e caricaturista. Seus trabalhos foram publicados na revista Fon-Fon, bem como nos jornais Gazeta de Notícias e Gazeta de Petrópolis. Casou-se com 28 anos de idade (1914) com um viúvo de 59 anos de idade, o Marechal Hermes da Fonseca, ex-presidente do Brasil. Nair abria o Palácio do Catete e patrocinava saraus, festas magníficas, introduzindo o violão no meio da elite, pois na época era considerado Instrumento marginal, onde sofria críticas por essa popularidade, inclusive por parte de moralista Rui Barbosa. Nair gostava de música popular, chorinhos e modinhas. Por volta de 1914, organizou recital de lançamento do “maxixe CORTA JACA, de Chiquinha Gonzaga, tendo como convidado o grande CATULO DA PAIXÃO CEARENSE. No dia do sarau, depois de sua apresentação, CATULO pediu a Nair de Teffé para interpretar uma música. A Chiquinha Gonzaga comporá especialmente para Nair de Teffé o famoso “maxixe” CORTA-JACA. As críticas de Rui Barbosa a Nair de Teffé ela respondeu assim: AS PEDRAS QUE ELE ME ATIROU SÓ SERVIRAM PARA ASSINALAR A LUTA QUE ENFRENTEI CONTRA OS PRECONCEITOS. Nair Von Hoonholtz nasceu em Petrópolis 10/06/1886 e morreu no Rio de Janeiro 10/06/1981. Tinha mesmo que falecer no dia de seu aniversário. Tinha que ser assim.

MARIA TEREZA GOULART foi considerada a mais nova e a mais bela primeira dama do país. Casou-se João Goulart, que começou a namorar com ela quando era Ministro do Trabalho. Seu trabalho como primeira dama marca o pioneirismo com a fundação da LBA, Legião Brasileira de Assistência. A partir de então, todas as primeiras damas passaram a se dedicar a trabalhos sociais. Taxavam-na de fútil, pois gostava de bem vestir-se e com os vestidos de Dener Pamplona, como ter bom gosto fosse pecado. Acompanhou todos os passos de Jango, da ascensão a deposição e no exílio, no Uruguai e Argentina, aonde João Goulart veio a falecer. Maria Tereza Goulart, entre todas as primeiras damas, foi a mais charmosa e elegante. Brilhava nos palanques ao lado do marido, João Goulart, pois sua imagem era um verdadeiro fascínio. Foi vítima de calúnias, motivo de piadas e ditos infames. Suportou tudo com dignidade, inclusive o exílio do esposo. Ainda vive, mora no Rio de Janeiro. Maria Tereza Goulart nasceu em 23/08/1940.

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CURIOSIDADE LITERÁRIA
EURICO DE QUEIRÓS FACÓ - Beberibe-Ce13/04/1879- Rio da janeiro12/08/1941 – escritor, poeta e advogado cearense. Aos doze anos já fazia versos. Pertenceu ao Centro literário. Destacava-se na poesia lírica, como também cultivou a sátira. O tom que domina a sua veia poética é a ironia, amarga, e às vezes ferina. Outras vezes, fazia poemas de profundo cunho filosófico que o faz se destacar dentre os demais. Escreveu no jornal DIÁRIO DO CEARÁ, n’O JORNAL e colaborou no jornal A REPÚBLICA. Seu primeiro livro intitula-se POEMETOS, depois escreveu PINGOS D’ÁGUA, Com o livro “poemetos” foi a comparado ao grande Fagundes Varela. Quando cursava Direito, no Rio de Janeiro, e na universidade, respondeu, de maneira original as sua prova da antiga disciplina “Prática do Processo Civil e Comercial”, 1ª cadeira do 5º ano em versos: assim:

“AÇÃO DE DESPEJO – PETIÇÃO.”
Ilmo.Sr. Dr. Juiz da 2ª Pretoria Civil

Diz Ana do Nascimento,
Moradora da Ilha Rasa,
Que, dando de arrendamento
Um prédio, à rua São Bento,
A João da Silva Brasa.

Sucede que há cinco meses
(desde o mês de abril passado)
Que o dito não tem pagado
A renda, por muitas vezes
Pela autora procurado.

Quer, por isso, a requerente
Citar o mesmo João Brasa
P’ra, no prazo de quarenta
Oito horas, que a lei lhe assenta,
Despejar a dita casa.

Pena de ser-lhe passado
(Quando soar a hora justa)
O respectivo mandado
De despejo, executado,
Como é lei, à sua custa.

Junta, pois, a requerente,
Como está por lei disposto,
O talão, (do ano fluente)
Da pena d’água e o do imposto
Predial (do ano corrente).

Juntando mais o instrumento
Do contrato, (fé bastante
Do valor da causa e assento
Das custas) a Suplicante
ESPERA DEFERIMENTO.

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MEMÓRIAS DE UM ESTUDANTE DO LYCEU

Um ex-aluno, me contou este episódio: A partir de determinada época ele foi morar na Aldeota. Quando terminava as aulas seguia a pé, pela Guilherme Rocha, evitando vir pela outra rua, para não passar defronte aos Bombeiros, (problemas de incompatibilidades deles com os alunos do Lyceu) atravessava a Praça José de Alencar, prosseguia, atravessava a Praça do Ferreira e continuava até descer as escadarias da Praça dos Leões, na Sena Madureira, e pegava ÔNIBUS DA EMPRESA SÃO JORGE. Não é preciso dizer que os coletivos da época eram sujos, principalmente porque o próprio povo é que sujava, e só viviam apresentando defeitos mecânicos. A linha ALDEOTA seguia pela Avenida Santos Dumont. Certa vez o “carro 38” estancou em frente ao Colégio Militar. O Dedé, motorista muito conhecido (sindicalista – perseguido pelo regime), tentava de todas as maneiras dá a partida, quando, de maneira surpreendente e aterrorizante, o ônibus foi cercado por “militares” fortemente armados, obrigando todos descerem. Pensavam os militares ser ato terrorista. Todos prosseguiram a pé.

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FUGACIDADE
A tarde se esvaia lentamente, ao crepúsculo, e a noite se fazia presente. O nosso desejo se insinuava cada vez maior, desde o momento em que, Eu e Ela, nos conhecemos na praia e planejamos fazer uma noitada. Recordo-me, vagamente. Deitei-me na cama, olhei-a de soslaio, disfarçadamente, a sua maneira de se despir, lentamente. Esperei-a inquieto, com a gulodice insensata dos infiéis, com a ganância exacerbada dos beduínos sequiosos que palmilham desertos em busca prazeres ilusórios e plenos de luxúrias. Depois, explorei seu corpo acetinado, desde a tumidez marcial dos bicos dos seus seios, às íntimas reentrâncias dos lugares mais recônditos, para ao final, ser açoitado pelo vendaval bamboleante dos seus quadris, no exato momento em que as nossas vozes roucas se mesclaram murmurantes, transformando o nosso encontro em prazeres inolvidáveis. Tínhamos pressa, eu e ela, antes que a noite findasse e o dia amanhecesse, quando ela teria que retornar ao prostíbulo. Antes que a minha embriaguez passasse, e eu retornasse a sobriedade.

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ACONTECEU
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“UM ESQUIPÁTICO PESQUISADOR”

Morava no oitavo andar de um prédio na área central da cidade, numa quitinete apertada, mas de tamanho ideal para as suas necessidades, visto que nunca aspirou morar em apartamento de luxo, mas condições lhe sobravam. Tinha três dependências: sala, com um pequeno recuo, servindo de cozinha, quarto e banheiro. A sala era abarrotada de livros e jornais antigos que, em épocas invernosas, exalava um cheiro penetrante de coisa guardada, de mofo. Em seu quarto, um simples cabide com poucas roupas, cama de solteiro, uma escrivaninha, na qual se encontrava uma máquina de datilografar antiga, e alguns papéis rabiscados.
Não era por falta de dotes de beleza e inteligência que estava solteiro, pois ele os tinha de sobra, apesar de cinqüentão. A maioria das vezes era visto sozinho e, principalmente, nunca fora visto em companhia de mulheres. Nas poucas vezes em que ele se reunia com os amigos, em bebedeiras, onde em tais momentos os assuntos das conversas masculinas sempre convergem para aventuras sexuais, ele nunca dava sua opinião. Pelo contrário, ficava com as faces ruborizadas quando era indagado para que falasse sobre alguma aventura amorosa, tergiversava, de modo que ninguém conhecesse seus pontos de vistas ou opiniões. Acaso chegasse a “roda de amigos” presença feminina ele, disfarçadamente, ia embora, inventava compromisso e não mais retornava ao local.
A maior parte do dia passava em bibliotecas e no arquivo público, atrás de documentos antigos. Dizia fazer pesquisas, que ninguém sabia sobre quê, quem, e para qual finalidade. Ou então, sempre era visto em livrarias e nos “sebos”, a procura de livros antigos, de títulos inexistentes, inventados por ele, pois nenhum dos títulos era conhecido pelos livreiros. Aos domingos, saia a perambular pelas ruas do centro da cidade, com um jornal embaixo do braço, absorto, contemplando a arquitetura antiga da cidade, para depois ir se sentar no banco da praça, o mesmo banco de sempre.
Dentre suas tantas peculiaridades, a maior era de não gostar de músicas românticas, músicas cuja temática fosse saudade, amor, paixão, tristeza, separação e coisas do gênero. Quando seus vizinhos de condomínio colocavam tais músicas, ele só faltava quase enlouquecer. Saia sem destino, a vagar pelas ruas, a qualquer hora do dia ou da noite. Quando em certa época as serestas estavam na moda, em todos os restaurantes da cidade, para ele foi um período de verdadeiro martírio.
A última vez que o vi, ele estava com uma pasta de cartolina azul, dessas que tem um elástico preto nas pontas, dentro, um calhamaço de papel. Sentou-se no banco da praça, ao meu lado, acendeu o cigarro e soprou a primeira baforada, como forma de desafio para uma conversa. Trocamos um pequeno diálogo e me disse a finalidade de tanto papel. Acabara de chegar do fórum, pois dera entrada numa ação judicial na quinta vara. Explicou que não suportava mais as músicas românticas de Nelson Gonçalves, Orlando Silva, Altemar Dutra e de outros cantores. Fundamentou, ele mesmo, a ação judicial pedindo indenização pelas constantes perturbações psicológicas que as músicas desses cantores lhe causavam ao juízo.
Diante dessa informação esquisita fiquei a quedar e a analisar com mais atenção as esquisitices do seu diálogo, mas antes que eu tentasse me aprofundar na conversa, levantou-se, rapidamente, amassou o cigarro com o pé, e saiu apressadamente, desaparecendo na multidão. Depois desse dia, não soube mais o seu paradeiro. Resta-me saber, só por curiosidade, o teor do despacho proferido pelo Meritíssimo Juiz de Direito da Quinta Vara. Até hoje estou curioso.

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SOMOS SOBERBOS
Não fosse a nossa soberba, a nossa mesquinhez, nada teria acontecido. Talvez seja castigo, sermos assim, pois não é à toa que estejamos sempre em busca de novos amores, para depois, como das outras vezes, continuarmos, amarguradamente sozinhos. Ontem, quando retornei ao nosso apartamento, senti calafrios, um misto de arrependimento e saudade. Tudo estava como naquela tarde em que brigamos: copos quebrados, roupas em desalinho, cartas, bilhetes, fotos, tudo ainda na mais completa desarrumação. A poeira tomava conta do ambiente, juntamente com o odor nauseabundo de coisas guardadas. Abri a janela da sala, a mesma janela onde, tantas e tantas vezes, ficávamos olhando a praia, em noites ao luar, fazendo promessas e juras de amor eterno. Depois, meio indeciso, pensativamente fui em direção ao nosso quarto e olhei emocionado para a cama, ainda desarrumada, onde tantas vezes vivemos momentos de êxtases e as “loucuras” de um amor extremado. Na penteadeira, o teu batom continuava destampado, juntamente com teus perfumes. No chão, esquecida num canto, a tua calcinha de renda carmesim.
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COMENTÁRIO FINAL - OMBUDSMAN
Analisando reflexões contidas num artigo, em torno das maneiras de encarar a senectude, dentro da ótica voltada precipuamente à “ciência da evolução humana”, de seu autor, sentimos que a reflexão bastante poetizada, e embora sido espelhada em exemplo real, mas que, por outro lado, dentro da “ótica cientifica”, carece de fundamentação mais aprofundada. Tal artigo não deixa de ser uma agradável leitura.

A ciência que trata da “evolução humana” não pode responder aos fundamentos de outras ciências, como a psiquiatria, a psicanálise, a sociologia, etc, a não ser tucano em conjunto. Destarte, delimitar ou tipificar certos exemplos para fundamentar um enunciado, baseado em casos isolados, não chega a responder aos anseios às inquietações da humanidade.
Os mais variados perfis psicológicos dos indivíduos, grosso modo, são muito explorados em três campos ou áreas: o literário, o sociológico e o científico. Os perfis literários são produzidos e fabricados pelos autores das diversas obras, como romances, contos, novela e outros estilos, e na maioria das vezes tais perfis são “retocados” não correspondendo com a realidade do personagem envolvido, e sim as divagações do próprio autor. Nem sempre, um autor de um romance, cuja sensibilidade vai além da realidade, está obedecendo ao perfil psicológico exato, quando transporta para sua obra, determinado pessoa real.
No caso do perfil “sociológico”, ou seja, o homem e suas interações dentro da sociedade representam a soma de sua vivência e acontecimentos, que podem ser trágicos ou alegres, somados, também, as peculiaridades e singularidades da sua personalidade. Assim sendo, a nossa realidade começa desde o momento da nossa concepção e se desenvolve no decorrer de nossa vida social. Dessa forma, espelhando-se no filósofo Hipólito Taine quando sentencia que o “O homem é produto do meio, da raça e do momento”, conclui-se que a vida dos indivíduos e sua maneira de ser independe, grosso modo, de suas escolhas e que a mesma é influenciada por fatores externos a nós mesmos, principalmente fatores sociais.
Dentro do prisma acima, a ciência complementa, com exatidão, o que expusemos somado ao enunciado do filósofo Taine, sobre essas questões. A ciência explica que certos caracteres existentes nos mais diversos comportamentos, como alegria, alegrias, sucessos, doenças, vergonhas, decepções, sofrimentos angústia, inércia, tristeza e outros, são de origem genética, e que não podemos mudar tão facilmente como se pensa, somado aos outros caracteres adquiridos na vida social, que nesse caso envolve o problema da formação, educação e cultura. Dessa forma, baseando-se no exemplo da “velhinha desdentada e alegre do autor do artigo” ora analisado, eu produzo agora um faço paralelo contrário, quando conheci uma velhinha que, por mais que passasse por tratamento médico, ela carregava dentro de si uma tristeza profunda, sempre desejou morrer, desde criança, a qual nunca foi curada. Explicável para ciência, mas não o é tão explicável pela Sociologia ou Antropologia.

Partindo-se para uma análise mais simplificada do que foi dito, temos a dizer que a nossa maneira de ser, muitas vezes não depende somente da nossa vontade ou do nosso pensar, está codificada por um sistema de interações (genéticas) atávicas, desde o nosso nascimento e nos acompanha no decorrer da nossa existência. Assim, o contato com o meio social, que vai lapidando a nossa maneira de ser de acordo com os elementos postos a nossa disposição, somado a nossa herança genética, aos fatores endógenos e exógenos sociais, é que vai determinar a nossa personalidade, pois os fatores são mais complexos do que se imagina. De acordo com Ortega y Gasset, “O Homem é ele e suas circunstâncias”

Dizer fácil ser feliz é uma grande utopia, porque tenta desagregar o “Ser” da crucial realidade do mundo em que se vive, pois não podemos ser feliz em meio às discórdias, crimes, doenças, assassinatos, drogas, pobreza, miséria, fome, injustiça, segregação social, preconceitos e insegurança.
Por fim, aquele que diz ser feliz convivendo com todos os “desastres sociais” citados, e se alheia dos problemas do mundo numa felicidade solitária, essa pessoa não passa de um egoísta maluco ou um hedonista egoísta; pois ignora os princípios básicos da convivência humana, como a paz e a caridade, fomentadores básicos da estabilidade social. O autor do texto está de parabéns, pois sua produção literária se adéqua perfeitamente aos cursos aos mais variados cursos existentes por aí, de promoção da auto-estima, tão procurados no momento pelos iniciantes do “egoarquismo”.

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1:55 AM  
Anonymous Demóstenes, said...

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L I T E R A T U R A
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10 PENSAMENTOS DE ANTÔNIO SALES – O MOACIR JUREMA DA PADARIA ESPIRITUAL.

1 - O amor, como certos remédios, é tóxico ou tônico, conforme a dose e o temperamento da vítima.

2 – Como os corpos que só projetam sombra quando exposto à luz, certos homens só revelam seus defeitos quando postos em evidência.

3 – Por ora governa o mundo o poder, o dinheiro e o amor. Triste de nós quando o dinheiro ficar sozinho.

4 – Quando naufragam os grandes navios, os passageiros se salvam nos pequenos botes.

5 – Que sujeitinhas impertinentes são as circunstâncias! Elas timbram em nos obrigar a fazer o que não queremos.

6 – Raras são as mulheres geniais, ao passo que são muito comuns as mulheres geniosas.

7 – A elegância e a beleza do corpo são coisas diferentes; vestida, a Vênus de Milo provavelmente não seria uma mulher elegante.

8 – Em amor há os que enganam, os que se enganam, os que são enganados, e, afinal, todos se desenganam.

9 – A razão é a sogra do coração: não admira, portanto, que por vezes reine a discórdia entre os dois.

10 – Definição: o mau vizinho é um indivíduo que não se incomoda de incomodar os outros.

1:33 PM  
Anonymous Anônimo said...

CONHECI PESSOALMENTE O DR. JOUBERT DE CARVALHO. ERA MEDICO EM PETROPOLIS. BONACHÃO E ESPIRITUOSO. BÔA PRAÇA.

12:24 PM  
Anonymous Anônimo said...

CONHECI PESSOALMENTE O DR. JOUBERT DE CARVALHO. ERA MEDICO EM PETROPOLIS. BONACHÃO E ESPIRITUOSO. BÔA PRAÇA.

12:27 PM  

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