sábado, abril 18, 2009

PERISCÓPIO

1 - No Brasil, cresce a tendência de agredir as crianças com nomes ridículos. Formam-se às vezes de sílabas dos nomes paterno e materno e dão um resultado horrível. Há tempos, soube de um Catacisco, filho de Catarina e Francisco. Era o primogênito. Se vier agora uma menina, já tem nome. Mas Ciscorina se recusa a nascer.

2 - Eu não consigo imaginar Machado de Assis fazendo sexo com Carolina. Não consigo mesmo.

3 - Não sei se vocês sabem, mas o Brasil é o único país do mundo sempre virando uma página da História. O diabo é que ninguém consegue explicar que a grande maioria das páginas é em branco.

4 - Moisés era um cara legal. Seu mal era a empáfia. Assim como era bom de decálogo, era ruim de diálogo. Ele só conhecia um tempo do ver – o imperativo.

5 - Um amigo andou aqui por casa, levou-me um livro raríssimo, sumiu e jamais me devolveu a preciosidade. Parece triste o destino de todo livro emprestado – estragar-se ou perder-se em definitivo. Como no filme de Sam Peckinpah, meu ódio será sua herança...

6 - Eu estava presente, quando aquele prefeito tomou posse e prometeu: -- “Vou limpar esta administração”. Cumpriu a promessa ao pé da letra. Cinco meses depois, deu um rombo na prefeitura de deixá-la de erário limpo e escovado. Perdeu o mandato, mas sob o protesto dos eleitores. Ah, os eleitores!

7 - Outro dia eu disse aqui haver várias razões para se amar a sopa. Acima de tudo, a sopa nos dá, como nenhum outro tipo de comida, a oportunidade de demonstrar nosso prazer à mesa. Mas não disse que os chineses, inclusive, consideram falta de educação tomar uma sopa em silêncio.

8 - Minha ambição literária é terrível – pôr todo o livro numa página, toda uma página numa frase, e esta frase numa palavra. Acho que encontrei a solução. É antes de começar o livro pôr logo o ponto final. Muitos não ficam nisso?

9 - Encerro a coluna ouvindo o grande Orlando Silva na marcha Malmequer, de Newton Teixeira, gravação de 1939. Tem letra e música mais identificadas com a marcha-rancho, o mais lírico dos gêneros carnavalescos: -- Eu perguntei a um malmequer / se meu bem ainda me quer / e ele então me respondeu que não / chorei, mas depois eu me lembrei / que a flor também é uma mulher / que nunca teve coração...

10 - Essa temática envolvendo flores estava na moda, estimulada pelo sucesso de Florisbela, Jardineira e Dama das Camélias, esta com uma melodia muito elogiada por Villa-Lobos, que acabou vencendo um concurso promovido pela prefeitura do Rio para o carnaval de 1940. A voz de Orlando, como sempre, arrasa. Qualquer mandacaru, naquela garganta, virava rosas de fragrância suave e de beleza.

1 Comments:

Anonymous Torricelli, said...

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Eu sou um faz-tudo, eu sou um nada. Um insignificante pesquisador de freguesia que colaborou em inúmeros livros para que seus autores colocassem seus nomes, que ninguém leu e todos detestaram. Como bloguista, nunca ganhei um único prêmio, perdi minha saúde em noites em claro, só para encher a cabeça e dar fama ao dono do blog. Em resumo, muito sumo. É só o começo.
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* S I D E R O S C Ó P I O *
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1)Temos a mania de querer ser original e passamos por ridículos. Muitos pais colocam nomes originais em seus filhos que são ridículos, exemplo: Maique (de Mike, inglês, alemão,etc), Ruan (Juan: Espanhol), Diovana( Giovana cuja pronúncia italiana é Diovana). Ridículo.

2)Dois lenhadores: um velho e cansado, outro, novo e robusto. Apostaram para saber quem derruba mais árvores. O lenhador jovem, bem rápido, o velho, com bastante parcimônia. Ao final: O velho tinha derrubado mais árvores. Conclusão: o velho lenhador sabia limar o machado.
Lembrando o Machado de Assis, não consigo compreender porque Gonçalves Dias rasgou os originais de “Memórias de Agapito Goiaba”.


3 – As páginas em branco da História do Brasil são fruto de uma História fabricada pela elites, acobertada pelas conveniências e interesses da classes dominantes e da aceitação plácida dos menos favorecidos diante dos fatos reais acontecidos. E assim: “o povo continua massa falida” no dizer do Advogado Gomes de Matos, hoje, nome de avenida.

4 – Dizem que Moisés era ruim de diálogo, só por que quis que nós cumpríssemos as 10 leis maiores, apesar dele ser um cara legal. Mas quantos empafiosos existem por aí, elaboradores de miríades de imperativos condicionais.

5 – Sempre sou subtraído em minha biblioteca, construída com o esforço de anos de dedicação. Quando chega um amigo, quer logo um livro emprestado, promete me devolver, mas jamais os recebo de volta. Não empresto mais CDs nem livros. Tenho que encontrar algo para me defender desses ataques, algo parecido como no filme 7 homens e um destino ( The Magnificent Seven).

6) Numa capital, eu estive,juro, no enterro de um vereador que prometeu lutar pelos interesses do povo. Um dia, não conseguindo pagar as dívidas da campanha em que ele não se reelegeu, apareceu morto. E sob a comoção de populares, foi enterrado. Anos mais tarde, ele aparece, novamente,novamente eleito, meio calado, meio santo. Um milagre! Ah! e os eleitores! E os credores!


7 – Outro dia, o Bento, pingunço da minha rua, que só gosta de comer carne dura, foi inquirido por um amigo de “carraspanas”, com a seguinte pergunta: - “ Como você consegue comer carne dura, se é banguelo? O Bento respondeu: “Ora, meu amigo, não existe nada mais afiado do que uma gengiva desenganada”


8 - Minha ambição é terrível e literária – pôr uma palavra numa frase, uma frase numa página e pôr uma página num livro. Acho que encontrei uma solução. É antes de começar criar a frase, é não tentar escrever nada. Mas, alguns insistem nisso?

9 - Encerro minha coluna, ouvindo a música“Manias” que me traz muita recordação. Engraçado, quando toca “Manias” todos só se lembram de Dolores Durán. Não devemos esquecer, entanto, que a composição é de autoria de Flávio Cavalcanti (A Grande Chance) e de seu irmão Celso. Foi lá, na residência de Flávio Cavalcanti que Dolores Durán escreveu “A Noite do Meu Bem”.
Flávio Cavalcanti compôs, em 1951", “Mancha de batom", também em parceria com seu irmão Celso, gravada pelo conjunto Os Cariocas; e “Manias” - (também em parceria feita com seu irmão Celso), gravada pela cantora Dolores Duran – 1952. E Isso deu samba - gravada pela cantora Maysa.
1970 - Comandava o Programa Flávio Cavalcanti, que foi uspenso pela ditadura militar, só porque Flávio protegia a atriz Leila Diniz, devido a entrevista dela ao jornal O Pasquim.

SOLTA A MÚSICA, MENINO!
“Dentre as manias que eu tenho uma é gostar de você/Mania é coisa que a gente tem mas não sabe porque/Mania de querer bem, às vezes de falar mal/Mania de não deitar sem antes ler o jornal/De só entrar no chuveiro cantando a mesma canção/De só pedir o cinzeiro depois da cinza no chão/Eu tenho várias manias, delas não faço segredo/Quem pode ver tinta fresca sem logo passar o dedo/De contar sempre aumentado tudo o que diz ou que fez/De guardar fósforo usado dentro da caixa outra vez/Mania é coisa que a gente tem mas não saber porque/Dentre as manias que eu tenho uma é gostar de você.”

Uma das polêmicas de Flávio Cavalcanti foi com o “Almirante” (1908-1980).. Almirante defendia que o samba “Pelo Telefone” era uma criação coletiva de sambistas que eram amigos, e não somente de Donga, que freqüentavam a Tia Ciata. O Flávio Cavalcanti, que defendia como sendo o samba de autoria de Donga, e passou um “esculacho” no Almirante, em seu programa “ao vivo para todo o Brasil” . Almirante ficou com muita raiva.
Almirante, cujo nome era Henrique Foreis Domingues, além de cantor, era compositor, escritor, radialista e pioneiro pesquisador de MPB. Iniciou seu envolvimento com a música no final dos anos 20, integrando o grupo “Flor do Tempo”, depois integrou o “Bando de Tangarás”, ao lado de Braguinha e Noel Rosa (mulher exigente gravada por Carmem Miranda). Almirante se destacou, também com “Touradas em Madri”. Almirante era um pesquisador e seu acervo foi comprado por Carlos Lacerda e incorporado ao Estado.

Sobre os Ranchos: manisfestação de origem africana, incorporados ao nosso carnaval, em forma de blocos carnavalescos. Tudo começou com os negros, nos floguedos e congadas, e camadas mais baixas da população (plebe). Depois, cada Rancho (bloco) apresentava uma música, que passou a se denominar Marcha-Rancho. A Marcha-Rancho tem um ritmo mais pausado e cadenciado do que o Samba. Daí se originou tudo que temos hoje nas Escolas: Rei, Rainha, Mestre-Sala, Porta Bandeira, Porta estandarte, etc, etc

MAS, REPETE A MÚSICA, MENINO... É MUITA SAUDADE!!!"VOU JÁ MOLHAR A PALAVRA"

“Dentre as manias que eu tenho uma é gostar de você/Mania é coisa que a gente tem mas não sabe porque/Mania de querer bem........

10:50 AM  

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