sábado, abril 11, 2009

PERISCÓPIO

1 - Acabo de conhecer um executivo, barriga por ali, que tem uma particularidade curiosa: é um homem sempre muito apressado que não tem absolutamente nada o que fazer. Quem quiser conversar com ele tem de ser caminhando, colado, segurando-lhe o braço. Ô ociosidade avexada!


2 - A grande maioria dos leitores que me escreve usa pseudônimo. Nem em off revela o nome. Uma pena. Pessoas cultas, inteligentes, preferem o anonimato. Está certo que Fernando Pessoa, a exemplo de grandes nomes na literatura universal, assinava três nomes diferentes. Bom, não é o caso, mas bem que gostaria de saber quem são, de fato, esses leitores ilustres. Só pra meu gasto, claro.

3 - Heine recomendava que não se desse troco a certa modalidade de escribas e desocupados. Dizia ele que são como certos cães: bota-se a mordaça, e eles encontram meio de latir pelo rabo.


4 - Quando dizem que uma mulher é virtuosa, culta, prendada, amável, discreta, e nada mais acrescentam, desconfio logo que é feia de doer.


5 - Não há amizade verdadeira sem aumento na conta do telefone. Amigo mesmo, telefona sempre. E sempre tem o que contar. Amizade sem assunto não é amizade.


6 - Uma grã-fina de narinas de cadáver (Nélson Rodrigues) me disse outro dia conhecer muitos genros para quem a sogra é menos intolerável que a filha da sogra.


7 - Quando dá vontade de gritar, como no Brasil do momento, sobretudo no Congresso Nacional do momento, eu parto para o humor, a forma mais sublimada de agressividade. Ou enlouquecemos.


8 - Encerro a coluna ouvindo três gigantes – Cyro Monteiro, Nora Ney e Clementina de Jesus – cantando Mudando de Conversa, o gostoso samba de Maurício Tapajós e Hermínio Bello de Carvalho, com acompanhamento do Conjunto Rosa de Ouro. Gravado ao vivo, o disco fez um grande sucesso, e nem poderia deixar de ser assim.



9 - Um trecho: “Mudando de conversa / Onde foi que ficou / aquela velha amizade / aquele papo furado / que troquei de noite no bar do Leblon / tanto chope gelado / confissões abertas / meu Deus quem diria / que isso ia se acabar / e acabar pensando / na melhor maneira / de se conversar”. O solo de Elton Medeiros, na segunda parte, não fica atrás. Imperdível.


1 Comments:

Anonymous Humboldt, said...

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Eu sou um faz-tudo, eu sou um nada. Um insignificante pesquisador de freguesia que colaborou em inúmeros livros para que seus autores colocassem seus nomes, que ninguém leu e todos detestaram. Como bloguista, nunca ganhei um único prêmio, perdi minha saúde em noites em claro, só para encher a cabeça e dar fama ao dono do blog. Em resumo, muito sumo. É só o começo.
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C A L E I D O S C Ó P I O
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1 – Conhecí, nesses dias, um homem de imprensa, que tem uma singularidade curiosa: parece um pigmeu. E se não fosse a barba, parecia o anjo barroco, daqueles que existem nas antigas catedrais. Mas ele pode ser comparado a um gnomo. Só anda sério, não quer conversa nem com o porteiro do edifício em que mora. Eita, importânciazinha danada.
2 – Sei que o nobre jornalista é lido por muitos leitores renomados. Eu mesmo vejo os comentários. Eles são muito cultos, diferente de mim, que sou um simples “aspirador” de pó das hemerotecas da vida, rato de livraria, traças de biblioteca, mas que não as destrói. Na verdade, “Eu sou um mísero ser humano que observa a vida passar” – ao largo. Mas esse negócio de conhecer leitores, me cheira a reprimendas. Sei lá o que você vai me dizer, meu camarada. Pode até dizer assim: “Não enche meu saco, seu safado”, ou então: “Rapaz, você está me atrapalhando”. Ou então, você pode dizer assim: “Vai olhar o que tua mulher tá fazendo em casa, meu chapa!”. Dificilmente, você dirá assim: "Que legal, rapaz, vou te dar um ótimo salário pra tu seres meu pesquisador". Por isso, meu amigo, ando meio "caboré". Quem sabe algum dia. Embora sendo eu, seu convidado, quando você diz: “faça do meu blog seu pequeno jornal” O Diabo é, quem se arrisca!?
3 – Não se deve responder uma agressão com outra agressão. Bem verdade!!! certas agressões são tão descabidas que não merecem nem se comprar uma briga, muito menos querer troco. Certos humanos, que não se pode comparar aos cães, colocando-se uma rolha no seu rabo, começam a nos agredir, com excrementos, pela boca.
4 – Quando me dizem que uma mulher não é culta, prendada, amável e discreta, já sei que ela é linda. Aliás, o único atributo da mulher linda, é ser linda. Mas acontece que eu acho tão BONITA uma mulher FEIA.
5 – Toda amizade não somente não traz gastos, como também dividendos. Deixa a conta do telefone de lado, meu rapaz, usa a internet, o MSN, o skype. Basta comprar uma “cam”. A vantagem é que você pode dizer certas verdades para seu amigo, olhando para cara dele, sem correr o perigo algum. Acabou-se o tempo de ficar pendurado ao telefone fixo ou no celular. Na “net” é tudo baratinho. E você pode falar sem sair da sua rede.
6- Mas é claro, que é verdade, pois as filhas da sogra, só são boazinhas quando para fisgarem os genros, depois que conseguem, são umas jaracacas. Assim me disse um grã-fino de ventas de suvelas.
7 – Eu sinto vontade de cantar, para ver se esqueço os problemas do Brasil, principalmente diante do futuro, sobretudo na sobreloja nacional. Para não ficar entediado, eu dou uma de cantor. E não estou nem aí, pra quem fica agressivo. Você não me deixam louco.
8 - Fecho minha coluna me lembrando de três monumentos da nossa música popular. HAROLDO BARBOSA, MILTINHO( foi integrante dos grupos: Anjos do Inferno, Namorados da Lua, Quatro Ases e Um Curinga, Milionários do Ritmo) E ALTEMAR DUTRA.
9 - Foi assim... a lâmpada apagou/A vista estremeceu e um beijo então se deu/E veio a ânsia louca, incontida do amor/E depois daquele beijo então/Foi tanto querer bem que alguém dizendo a alguém/Meu bem, só meu, meu bem/Meu bem, só meu, meu bem/
E que nosso céu onde estrelas cantavam/De repente ficou mudo/Foi se o encanto de tudo/Quem sou eu/Quem é você, quem é você/Foi assim/E só deus sabe quem/Deixou de querer bem/Não somos mais alguém/O meu nome é ninguém/E o seu nome também/Também ninguém.

11:51 AM  

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