NA HORA DA CRISE, AS MANGAS
Três universitárias, pelo telefone, entrevistavam este escriba sobre a crise por que passamos, quando uma delas atacou – eu estaria pessimista quanto ao presente? Sem ser economista, tremi nas bases. Respondi uma porção de besteiras, mas não me deixei vencer.
Otimista ou pessimista é hoje, com certeza, a pergunta mais freqüente e, insistentemente, feita ao pessoal do Guido Mantega. Fui forçado a desenvolver algumas respostas vagas, evasivas, que – sem perder a polidez – não me obrigassem a discutir essa história de taxas de juros, o “atraso” cambial, se o “plano” do governo vai bem na luta contra a situação etc. e etc.
Não sei se a saturação com os temas da conjuntura econômica é um problema exclusivo dos economistas. Desconfio que não. Restará sempre a alternativa de se imolar como fizeram Joyce, Van Gogh, como que num “afterhought”. Morrer moço para fazer tudo que desejava. Há, aqui, uma contradição aparente. São homens que vivem o inferno na terra para conseguir o que querem. Vidas tomadas pela aflição, pela instabilidade, pelo desespero. Vidas que lhe dão mal-estar, para de novo fechar com um contraponto: homens como eles não nascem todo dia.
Tanto em tão breve resposta: sonho e resignação; grandeza e desespero; aflição e serenidade – vida breve e inferno na Terra; otimismo e ceticismo. Como aspirar à serenidade sem admirar a aflição dos homens de gênio? Como ser otimista sem contrapor as infindáveis razões do pessimismo? Como ser pessimista sem se deixar permear pelo chamado da esperança? É preciso talento para ir além da circunstância.
Lembrei Rubem Braga, o urso genial. Na manhã de domingo de um belo dia carioca, no bar da esquina, ele ouvia em silêncio um engravatado a vociferar sobre a gravidade da crise, a desonestidade dos políticos, o desmoronamento institucional e a iminência do caos. Em seguida, voz mansa, Braga observou: -- Ora, tudo bem que essas bobagens preocupem, mas o bom mesmo são essas mangas-rosas que estou devorando. Vieram do Piauí . Uma delícia!
Otimista ou pessimista é hoje, com certeza, a pergunta mais freqüente e, insistentemente, feita ao pessoal do Guido Mantega. Fui forçado a desenvolver algumas respostas vagas, evasivas, que – sem perder a polidez – não me obrigassem a discutir essa história de taxas de juros, o “atraso” cambial, se o “plano” do governo vai bem na luta contra a situação etc. e etc.
Não sei se a saturação com os temas da conjuntura econômica é um problema exclusivo dos economistas. Desconfio que não. Restará sempre a alternativa de se imolar como fizeram Joyce, Van Gogh, como que num “afterhought”. Morrer moço para fazer tudo que desejava. Há, aqui, uma contradição aparente. São homens que vivem o inferno na terra para conseguir o que querem. Vidas tomadas pela aflição, pela instabilidade, pelo desespero. Vidas que lhe dão mal-estar, para de novo fechar com um contraponto: homens como eles não nascem todo dia.
Tanto em tão breve resposta: sonho e resignação; grandeza e desespero; aflição e serenidade – vida breve e inferno na Terra; otimismo e ceticismo. Como aspirar à serenidade sem admirar a aflição dos homens de gênio? Como ser otimista sem contrapor as infindáveis razões do pessimismo? Como ser pessimista sem se deixar permear pelo chamado da esperança? É preciso talento para ir além da circunstância.
Lembrei Rubem Braga, o urso genial. Na manhã de domingo de um belo dia carioca, no bar da esquina, ele ouvia em silêncio um engravatado a vociferar sobre a gravidade da crise, a desonestidade dos políticos, o desmoronamento institucional e a iminência do caos. Em seguida, voz mansa, Braga observou: -- Ora, tudo bem que essas bobagens preocupem, mas o bom mesmo são essas mangas-rosas que estou devorando. Vieram do Piauí . Uma delícia!
1 Comments:
___________________________________
@@@@@@@ -BLOGO.ÉS.FERA- @@@@@@@
___________________________________
SEJA MEU PARCEIRO E ESCREVA O QUE BEM QUISER. OCUPE O ESPAÇO DO COMENTÁRIO E FAÇA DELE O SEU PEQUENO JORNAL. POIS SOMENTE AS PESSOAS, DEPOIS DE INFORMADAS, GOSTAM DE COMENTAR E DAR SUA OPINIÃO.
___________________________________
"MELANCIAS, PRA QUE TE QUERO!"
Não tergiversei, respondi prontamente aquelas pessoas que estavam no auditório. Fui direto, respondi que poderia responder como Confúncio: “O pessimismo torna os homens cautelosos, enquanto, o otimismo torna os homens imprudentes.” Ou então, como Oscar Wilde: “O pessimista é uma pessoa que, podendo escolher entre dois males, prefere ambos.” Ou ainda, como Winston Churchill: “O pessimista vê dificuldade em cada oportunidade; o otimista vê oportunidade em cada dificuldade.” Mas eu não quis somente falar nestes grandes nomes.
Tanto os que julgam que tudo vai bem, quanto aos que julgam tudo ir mal, todos vivem a sonhar. É ou não é verdade!
Não existe só a saturação de mensagens no universo comunicativo, mas também a falta de depuração/maturação das emissões dos códigos falados ou escritos, que a torna emissão cansativa. Sabe, é bem cansativo para o receptor, a forma com que o emissor transmite o seu signo. No mundo atual, que é chamado de moderno, as interações filosóficas estão voltadas para o estudo da linguagem através da comunicação. E não adianta apelar para Wittgenstein, pois o mesmo pertenceu a outro tempo e a outro habitat. Assim, temos que criar uma nova hermêutica. Sou mais a opinião de Huxley, quando pergunta-se: “O que faz do homem como ele é?”. E ele mesmo sustenta: “que ele não é senão o poder da linguagem”. Prova disso, é o grande poder de oratória dos grandes ditadores. Mas isto é outro assunto.
O que eu quero falar, na verdade, é o seguinte: precisamos distinguir o que é cultura e o que é natureza. Grandes antropólogos dizem, para diferenciar, que um rio é natureza e, por exemplo, uma ponte é cultura, pois é produto do saber e do aperfeiçoamento humano. Mas, o homem produtor da cultura, é ao mesmo tempo produto da natureza. Eis, então, a cruciabilidade do ser humano, por ter que assumir uma dupla posição. E essa interpretação transcendental escapa aos limites da nossa racionabilidade. Assim, vivemos polarizados, polêmicos, potros...prestes ao nada. É preciso ir além da nossa ignorância.
Assim, eu me lembro o grande Luiz Assunção,já um tanto ébrio, tocando no piano do “Caravele”, na esquina da rua do jornalista Luciano Carneiro, nas manhãs de sábado: “Adeus...adeus...só o nome ficou, adeus Praia de Iracema, praia dos amores que o mar carregou....”
E eu aqui,muito precupado" provando esta gostosa melancia, vinda lá do Jatobá-Pi.(Leia meu blog.O endereço é:--http://hpassos.blogs-pot.com.)
Postar um comentário
<< Home