Jornais, os que lêem, os que não lêem
Falam que João XXIII não lia jornais. Pior, detestava jornais. Conheço alguns coleguinhas que sequer lêem os jornais em que trabalham. Chegam a não gostar deles. Eu, de mim, confesso: sou leitor obsessivo de jornais, com eles nas mãos, sentindo-lhe o cheiro, do editorial à nota fúnebre. Não importa o que a internet proporciona. Tudo bem. Acho ótimo, mas o bom jornal é aquele que posso folhear, ler e reler o que me agrada, os artigos, as reportagens.
Chegam cedo, e eu os leio antes do café. E os leio com um olho crítico. Como velho profissional do ramo, estou sempre me perguntando se a notícia está bem feita, se o tom está certo, se merecia o destaque que lhe foi atribuído. Domingo é um problema. Antes de mais nada é preciso acordar mais cedo ainda para evitar que algum aventureiro se antecipe. Jornal lido e misturado é um terror. Não há como recompor o mínimo de ordem requerido para uma leitura eficiente. Missão cumprida, todos lidos, antes das dez da manhã é sinal de alforria, de dia ganho.
Parece incrível, mas conheço um sujeito que não lê jornais há uns dez anos. Deve haver mais gente assim. Então eu pergunto: por que as pessoas lêem jornais? A principal razão, penso eu, é para não pensar e, portanto, não sofrer. A leitura dos grossíssimos jornais seria um santo remédio contra o terror do vazio dos fins de semana, do vazio da solidão. Pode parecer curioso, até porque haverá sempre o “Fantástico”, mesmo longe daquele dos anos 70-80. Obliteração por obliteração...
Os que não lêem jornais são muitos, apenas passam os olhos para ter idéia, não do que está acontecendo, mas do que está sendo notícia. Desconfio que aqui está a essência do leitor de hoje -- a informação não interessa. Da imprensa espera-se, muito mais do que os fatos, o comentário, a crítica de costumes, a repercussão. Querem saber o que é notícia, do que está se falando, e não a notícia propriamente dita. Não é, portanto, de espantar que a qualidade da informação sofra o que o colunismo do “disse-me-disse”, do”quem é quem”, do repórter de telefone com suas “fontes”, tome cada vez mais espaço. Como jornalismo afinado com o desejo do público, está certo. Suas implicações para a política e a opinião pública é que me parecem complicadas.
Mas isso já é outra história.
2 Comments:
BLOGO.ÉS.FERA
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SEJA MEU PARCEIRO E ESCREVA O QUE BEM QUISER. OCUPE O ESPAÇO DO COMENTÁRIO E FAÇA DELE O SEU PEQUENO JORNAL. POIS SOMENTE AS PESSOAS, DEPOIS DE INFORMADAS, GOSTAM DE COMENTAR, DAR SUA OPINIÃO.
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"JORNAIS: O QUE SE LÊ, O QUE NÃO SE LÊ.
Dizem que o único jornal que Angelo Giussepe gostava de ler era o jornal “LObservatore Romano”. O Angelo detestava ler jornais. Da mesma maneira, alguns leitores não se empolgam em ler jornais, embora gostem de leitura. Tomei conhecimento que há jornalistas que não lêem jornais, nem sequer o jornal no qual trabalha.
Jornais, eu os leio na íntegra.Inclusive os classificados. Até jornais antigos eu gosto de ler. Sempre gostei sentir o cheiro de bolor das hemerotecas, sentir o emanar de energias que sobressai dos velhos jornais. A poeira dos jornais antigos era meu rapé, por isso que agora vivo com meu nariz entupido. Pena não termos mais acesso às hemerotecas. São todos microfilmados.
Os jornais do dia, eu os espero cedinho, do jornaleiro, ao portão. Aos domingos, embora eu seja o primeiro a ler, as notícias já vêm todas esbagaçadas. Jornais grossíssimos, mas que parecem pasquins. Logo aos domingos, dia que os jornais deveriam ser opção para se fugir da mesmice das conversas vazias. Sabe, é chato, àquela mesma praia poluída, àquela mesma caranguejada, mergulhada do leite de coco, camuflando a sujeira da lama do mangue, na barraca lá da praia do Futuro. Lacônico! Então, eu, particularmente, busco nos jornais, algo para passar o tempo, para meu deleite.
Inacreditável, mas conheço um jornalista que parece não lê jornais há 10 ou 20 anos. Impossível, mas acho que ele não lê nem a própria coluna, pois lesse não escreveria besteiras. Deve haver outros jornalistas assim. O bom jornal é aquele que o leitor procura folhear, ler e reler, o que lhe agrada, colunas, artigos e reportagens.
Mas, acontece que no jornal existem conteúdos que não agradam o leitor. Excesso de propaganda, artigos vazios, reportagens incompletas (que deixam um vácuo no leitor), colunas de extremo mau gosto. Colunistas prepotentes, verdadeiros donos da verdade. E, do refrão ao diapasão, a temática é a mesma: Críticas. À conjuntura econômica, críticas a políticos com insinuações, às vezes, inverossímeis, e gracejos descabidos. Outros praticam o colunismo piegas, medíocre. Assuntos repetitivos que mais parecem um “peneirado” de pobres de palavras, sem nada de novo, como se o mundo tivesse parado no tempo e que não houvesse mais o que noticiar.
Questiona-se: o Jornal é elaborado para a satisfação do leitor ou será para satisfação do jornalista, ao escrever o que bem entende? Vejam bem, se um leitor não encontra os temas de sua predileção e interesse, consequentemente, não mais procurará ler jornais. Passa a vista, somente. Todos nós somos leitores em potencial. Uns são viciados, outros desestimulados. Os desestimulados bem que tentam, algumas vezes compram o jornal, mas decepcionam-se, pois não encontram o que gostariam de ler.
Assim, os que não lêem jornais, que não são poucos, não se sentem estimulados em gastar "dois e cinquenta"(aos domingos), porque prefere ler o que lhe interessa gratuitamente na internet
Assim não dá! Mas teimo em ler os jornais. Como a História é afinada na busca da veracidade dos acontecimentos, na fidelidade das informações, antevejo que as implicações das opiniões dos jornalistas, serão nocivas como fontes à criticidade da ciência histórica.
Mas isso já é outra matéria.
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(Veja o NOSSO blog. O endereço é - http://hpassos.blogspot.com.)
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intiresno muito, obrigado
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