sábado, março 07, 2009

PERISCÓPIO

***** A palavra de ordem é desenvolvimento. Tudo bem. Mas poucos se lembram que o desenvolvimento que cria valores materiais é o mesmo que não cria valores espirituais. Destrói valores tradicionais e nada coloca em seu lugar. A sociedade, prisioneira dos novos valores, dirige-se apenas para o sucesso nos negócios e o hedonismo.


***** Em tempos de crise, uma das perguntas mais presentes sobre o futuro das sociedades democráticas no Brasil é esta: – para onde vai a classe média? Ela é a grande força criativa da sociedade democrática. Mas há fortes indícios de sua proletarização e esmagamento em face da atual concentração de renda.


***** Houve um tempo, bons tempos, que os vereadores não eram profissionais da política. Reuniam-se, votavam, faziam a lei e estamos conversados. Poucas leis e nenhum subsídio. Trabalhavam de graça, Eram homens bons, e era uma honra ser homem bom. E assim foi por séculos. Hoje, mudou um pouco, não é? Quando vereadores, deputados e senadores passam por suas Casas, o pessoal canta a musiquinha carnavalesca: “Quando eles passam / Todo mundo grita / Estamos aí / Nessa marmita”. E que marmita, senhoras e senhores!


***** Alguns estudantes de Direito deram agora de ler o AI-5. E ficam conversando feito gente grande, falam muito no Márcio Moreira Alves, o Marcito. Já li o AI-5. Você já leu? Que coisa pífia, santo Deus! E aconteceu. No Brasil.


***** Ser lobista, em Brasília, é o quente, o clímax. Maquiada, a prática ostenta até um certo charme. Moças louras, presentes finos. Em sociedade tudo se cochicha. Só o moralismo brega ousaria condenar um profissional que come bem e bebe bem. Todo mesuras, é o petimetre da corte. O ameno pintalegrete, bom de papo e mão aberta. Resistir, quem há de?


***** Li num grande jornal, juro que li: “Mas o governador não interviu. Assim mesmo... “interviu”. E o tal de a nível de? Outro dia, um cara muito conhecido de todos nós, saiu-se com esta: “A nível de estatura, tenho um metro e setenta.” Como está na moda dizer, esse extrapolou. A nível de exagero, pelo menos.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

BLOGO.ÉS.FERA
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Eu sou um faz-tudo, não sou nada. Um insignificante pesquisador de freguesia que colaborou em inúmeros livros para que seus autores colocassem seus nomes, que ninguém leu e todos detestaram. Como bloguista, nunca ganhei um único prêmio, perdi minha saúde em noites em claro, para encher de fama o dono do blog. Em resumo, muito sumo. É só o começo.
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GIROSCÓPIO
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***** É verdade, alguém já disse, não sei quem: “que os valores espirituais são inversamente proporcionais aos valores materiais”. Hoje tudo é relativo. O homem não sabe mais distinguir o falso do verdadeiro, o ilícito do lícito, o decente do inconveniente. A sociedade vive suspensa num vazio. As antigas certezas e valores espirituais desabam e as pessoas sofrem da carência de objetivos.

***** Sofremos, paulatinamente, um processo de proletarização uniforme, devido a concentração de renda. Mas chegará o dia em que, para sobrevivência da classe dominante, ela terá que, forçadamente, desconcentrar e repartir a renda. Aguardem.

***** Será que existiram esses bons tempos, em que os vereadores não eram profissionais da política? Emídio Barbosa, poeta, escritor, que pertenceu a Academia Cearense de Letras e possuidor de veia satírica, escreveu em 1916, na Revista A Nota, sob o pseudônimo de João dos Gatos, o soneto A CHAFARICA, que criticava os vereadores Câmara Municipal daquela época, cuja segunda estrofe diz assim: “Ante a tua grandeza, eu tremo e cismo,/E boquiaberto toda a gente fica!/ O povo, em seu genial parabolismo,/Já te crismou ”A Casa da Mãe Chica”. Avaliem se eu fosse contar sobre os “homens bons”, dos tempos coloniais.

***** A maioria dos estudantes Direito, apenas lêem, mas não entendem os acontecimentos históricos. Já li, meu amigo, do 01ao 17, inclusive o AI-5. Fui obrigado. Rapaz,frequentei o Juca’s Bar, nos anos 60. Onde eu “molhava a palavra”, com Cuba- Libre ou HI-FI. O poetinha sempre estava por lá. Mas, àquele pronunciamento Marcito não foi gota d’água de coisa nenhuma. O AI-5 já estava no papel.

***** Em sociedade tudo se trambica. E quem há de? Brasília se transformou num antro de lobistas, sinônimo de sanguessuga, possuidores de lábia, com acesso livre a todas dependências palacianas, pois sempre estão acompanhados de mulheres lindas, comendo do bom e do melhor, inclusive.

***** No blog, Ortega y Sandoval, escreveu assim: “Vocês pensavam que eu TINHA desistido”. Todos criticaram o filósofo espanhol por ter usado o verbo “ter”, no lugar do “haver”. O Drummond de Andrade escreveu mais de seis vezes “Tinha” em n’O meio do caminho” e ninguém reclamou. Ortega, espanhol, pode ser perdoado, literatos e jornalistas brasileiros não.
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(Veja o NOSSO blog. O endereço é - http://hpassos.blogspot.com.)
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9:47 AM  

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