Os antigos gregos, que também tinham eleições, não deixavam um candidato fazer campanha por um cargo qualquer. Consideravam isso desleal. Um candidato podia ser mais rico que o outro, ou melhor orador, ou mais poderoso política e econômicamente, mas não ser tão bom para aquele cargo quanto outros. Como se vê, o oposto do que ocorre no Brasil.
Os depositários do poder, no Ceará, desde a fase iniciada em 1987, Tasso-Ciro-Tasso-Tasso, têm uma disposição desagradável a considerar tudo o que não é eles é uma facção. Já dizia Jaime Balmes que “quando o poder dirige a mira ao egoísmo pessoal de quem o exerce, degenerou em tirania.” Evidente, não chegamos a tanto. Graças.
Ciro e Tasso, como se sabe, não queriam que Lúcio continuasse governador. Lúcio, portanto, para eles, é uma facção. Governador tinha de ser o irmão do Ciro, para ficar, como ficou, novamente tudo nas mãos do pequenino grupo que parece achar que o poder sem abuso perde o encanto. Esquecem, por outro lado, que o poder sem controle enlouquece. Vá lá. Isso é filosofia de almanaque.
Lúcio, na sua santa inocência, deve ter imaginado que talvez contasse com o apoio de Tasso e Ciro. Afinal, são amigos, mesmo que os chineses digam que só os amigos atraiçoam. Mas foi um erro confiar nos dois. Ciro é deputado federal e fez o irmão, Cid Gomes, governador, dando um belo pontapé no Lúcio que teve a coragem de desobedecer Tasso. Cid agora anda por aí montado no seu cavalo branco de Napoleão de Sobral.
O governador do Ceará é um seduzido pelo poder. Não vai na onda de livro do destino. O que tinha de ser, foi e será. Já trabalha pela reeleição em 2010. E Lúcio ingressou num tal de PR, já que Tasso praticamente o expulsou do PSDB por ousar desobedecê-lo. PR o pessoal do Palácio Iracema chama de Partido dos Recusados. E ninguém seguiu o ex-governador. Foi traído por todos. Ficou só com o filho, deputado federal Léo Alcântara, a caminho do abismo.