sábado, janeiro 27, 2007
ANEL DE DOUTOR
ÀS FAVAS
terça-feira, janeiro 23, 2007
CRIADO
CONSELHEIRO
ESCREVER FÁCIL
PRESSA
segunda-feira, janeiro 22, 2007
Abaixo Nosso Idioma
Por força do colonialismo cultural, acentuado pela linguagem mercadológica dos veículos de comunicação, de muito bom grado a opção brasileira recairia sobre o inglês. Coramos de pudor, criando situações embaraçosas para nós próprios, toda vez que não conseguimos atinar, de público, com o significado de uma expressão anglo-saxônica, e nos mortificamos de despeito por não conseguir escrever com sotaque nova-iorquino uma ode olímpica do Beach Park.
Não por veneração ao reverenciado idioma de Shakespeare, mas por mera subserviência ao sentimento mercantil do multinacionalismo lingüístico. Não importa mais pronunciar corretamente o nome da Condoleeza Rice. O Itamaraty vai acabar deixando o brasileiro entregue ao nosso abominável português, que ninguém sabe nem quer saber.
Quem, hoje em dia, conhece mais de dez substantivos, vinte adjetivos e uns poucos acessórios gramaticais, é objeto de suspeita. E quem, além de entender, tem o desplante de empregar o termo exato na ocasião oportuna, chega ao índex. Está na hora de o Itamaraty adotar o tupi-guarani como idioma oficial em seus quesitos eliminatórios.
Acabem o inglês, porque o português já acabaram. Fiquemos no guarani. Os artífices de nosso idioma, a pretexto de exibir uma espontaneidade que lhes falta, mutilaram a generosa língua portuguesa, com essa doce irresponsabilidade dos gênios suburbanos.
Prova de Existência
Vem do berço, e aí somos nascituros. Quando a morte chega, viramos féretros, passando pelo atestado de óbito. Se casamos, somos cônjuges. Solteiros, celibatários. Nos bancos, além dos juros, nos atacam de inadimplentes, sacadores, endossantes, tomadores. Etc. No edifício, chamam a gente de condômino, ou inquilino, ou locatário. Poeta é tudo, vate, menestrel, bardo, trovador, maluco.
Ou seja, pobres mortais como nós não passamos de usuários, optantes, aficcionados, litigantes, querelantes, contribuintes, circunscritos, separados, beneficiários, convocados, confrades, correligionários, pensionistas, cooperativados, sindicalistas, sem-terra, sem-teto e vai por aí.
Ora, apesar disso tudo, somos apenas gente. Nosso nome mesmo, o do batismo, não importa muito. Até porque eles sempre acabam sendo bem mais felizes que nós.
Cartão
Plano
Os trouxas continuam aí, e os planos também, governo a governo.
Vende-se
Outro dia, precisando de dinheiro (todo dia eu preciso), telefonei para o Instituto Oswaldo Cruz e tentei vender meu cérebro. Quem sabe, vendido à ciência, daria para alimentar vários ratinhos de laboratório durante uma semana, ou um pouco mais. Ninguém me respondeu nem telefonou.
quinta-feira, janeiro 11, 2007
SEM CONTROLE
Nas grandes cidades há quem mate por um pão, há quem mate por nada. Desataram-se os instintos, e a violência não repara suas vítimas. Morrem ricos e morrem pobres, e em torno das residências cavam-se fossos e se levantam guaritas, ou pesadas grades que encarceram o sino.
O ministro Tomás Bastos é de uma piedosa incompetência para lidar com o problema. Vive de criar siglas que asseguram acabar com a violência. “Determinei à Polícia Federal que...” Etc. Não determinou nada e não acontece nada.
quinta-feira, janeiro 04, 2007
VEADO?
-- Dr. Lacerda, o senhor que sabe das coisas. É verdade que esse Caetano Veloso, como dizem por aí, é veado, dá mesmo o rabo?
Tranqüilo, Lacerda limpa os óculos com a ponta da camisa suja e responde:
O PAPA ERRA
E eu fiquei a torcer para que Sua Santidade tivesse realmente errado na sua conclusão sobre o destino da Igreja. Antes reconhecer que o Papa é falível do que ter a certeza e que está indo a pique a barca de São Pedro – de que sou também passageiro.
O DESABAFO
CONGRESSO
Nunca o Congresso Nacional terá uma oportunidade tão grande e tão relevante de se levantar, diante da sociedade, acabando a podridão que quase o arrasa por completo. Resta-lhe, a partir de 2007, estar à altura do desafio que terá à frente. Organizar sua agenda, uma agenda positiva, e marchar para concretizá-la. O ambiente estará a favor dessa solução, com deputados e senadores renovados e mais do que nunca fiscalizados pela sociedade.
TRILHA
ARTE
-- A política é a arte suave de obter votos dos pobres e fundo dos ricos, prometendo a cada grupo defendê-lo contra o outro.
E deu sua famosa gargalhada, ao lado de Alzirinha, a filha querida.
PARTIDOS
DISSABORES
Podendo, não passe adiante seus dissabores, seus problemas íntimos. É da natureza humana certo comprazimento nos abatimentos da felicidade alheia, mesmo quando comparte nosso dissabor. Tenho um velho conhecido que guarda a um canto da boca um risozinho lateral para as amarguras dos amigos. E é bom sujeito, sempre prestativo.
Mas isso não o impede de ter ainda um resto de riso invencível quando nos bate nas costas, solidário:
CAMILO
-- O meu nome é conhecido nas livrarias. Nas secretarias, não.”
DIPLOMATA
MENTIRAS
-- O senhor não tem motivo para queixas. Que iria fazer, no mundo, se contássemos todas as verdades que temos a seu respeito?”
CHATICE
-- Nenhuma. Toda profissão implica trabalho e todo trabalho é chato.
SUAR
Chego ao consultório para o exame rotineiro e reclamo do calor que me empapou de suor. Confessei ao médico que, depois do quiabo, o que mais detesto é suar. Foi quando ele me ensinou:
-- Pois está errado. Saiba que a pessoa começa a morrer quando deixa de suar.
FOME
Gilberto Freyre conta, em um de seus artigos, que “Casa grande & senzala” foi escrita num dos piores momentos de sua vida, exilado em Portugal e morando em casa de estudantes. Quando voltou a Recife, hospedado na casa de um irmão, passou dias de grandes necessidades.
TEMPO
Informações para os arquivos do leitor.
Eis a íntegra:
Deus pede estrita conta do meu tempo
E, eu vou do meu tempo, dar-lhe conta,
Mas, como dar, sem tempo, tanta conta,
Eu que gastei, sem conta, tanto tempo?
Para dar minha conta feita a tempo,
O tempo me foi dado e não fiz conta,
Não quis, sobrando tempo, fazer conta,
Hoje quero acertar conta e não há tempo.
O!... Vós que tendes tempo, sem ter conta,
Não gasteis vosso tempo em passatempo,
Cuidai enquanto é tempo, em vossa conta.
Pois, aqueles que sem conta, gastam tempo,
Quando o tempo chegar de prestar conta,
Chorarão como eu, o não ter tempo.