Abaixo Nosso Idioma
O brasileiro não suporta a sua língua. Se fosse permitido escolher, preferiria qualquer outro idioma, até mesmo o sânscrito, o latim, o hebraico, o iídiche, o patoá, o banto. Conquanto não fosse português, pouco importaria que se tratasse de língua morta, extinta ou dialeto.
Por força do colonialismo cultural, acentuado pela linguagem mercadológica dos veículos de comunicação, de muito bom grado a opção brasileira recairia sobre o inglês. Coramos de pudor, criando situações embaraçosas para nós próprios, toda vez que não conseguimos atinar, de público, com o significado de uma expressão anglo-saxônica, e nos mortificamos de despeito por não conseguir escrever com sotaque nova-iorquino uma ode olímpica do Beach Park.
Não por veneração ao reverenciado idioma de Shakespeare, mas por mera subserviência ao sentimento mercantil do multinacionalismo lingüístico. Não importa mais pronunciar corretamente o nome da Condoleeza Rice. O Itamaraty vai acabar deixando o brasileiro entregue ao nosso abominável português, que ninguém sabe nem quer saber.
Quem, hoje em dia, conhece mais de dez substantivos, vinte adjetivos e uns poucos acessórios gramaticais, é objeto de suspeita. E quem, além de entender, tem o desplante de empregar o termo exato na ocasião oportuna, chega ao índex. Está na hora de o Itamaraty adotar o tupi-guarani como idioma oficial em seus quesitos eliminatórios.
Acabem o inglês, porque o português já acabaram. Fiquemos no guarani. Os artífices de nosso idioma, a pretexto de exibir uma espontaneidade que lhes falta, mutilaram a generosa língua portuguesa, com essa doce irresponsabilidade dos gênios suburbanos.
1 Comments:
É verdade,como na literatura, cinema é de maior preferencia para os brasileiros oque é estrangeiro, e músicas são covers de cantores internacionais.
Postar um comentário
<< Home