Dos Anjos, O Augusto Metafísico
Sim, o brasileiro tem anjo da guarda, e ai se não tivesse. A pesquisa diz, no jornal, que 90% acreditam ter, como têm fé em Deus. Tem gente que garante conhecer o próprio anjo, e não falta quem diga já tê-lo visto. Não vi o meu ainda, talvez pelo peso colossal de meus pecados.
As testemunhas de vista garantem que o anjo é igual a um homem de carne e osso, homem bonito, forte, mas com uma luz que o nimba de espiritualidade. Esqueceram de falar nas asas. Se têm, se não têm. Se têm, andam sempre elegantemente recolhidas.
O brasileiro pode ser pobre, feio e doente. Pode até gostar de políticos. Digo mais: pode até gostar de Lula. O mundo é assim mesmo. A coruja acha os filhos dela lindos. Rico, pobre, negro, branco, todos têm direito a seu anjo exclusivo. Sozinho, o brasileiro estaria pessimamente acompanhado hoje em dia. Só pensaria em caraminholas.
O ano da guarda não só faz companhia e conforta, como assiste e aconselha. Diz o povo que o anjo vai embora, se você dorme pelado. Se dorme com sede, o pobre anjo morre afogado, ao tentar beber a água. Pode se afastar por um momento, entrar na política, e lá vai nossa segurança.
Feliz foi Augusto, o poeta, que era dos Anjos, como o romancista Ciro, tão diferente de seu homônimo, lírico, introspectivo, delicado vaievém de sentimentos entre a ternura e o humour. A obra do paraibano Augusto dos Anjos (1884-1914) é estranha, mórbida, escandalizante (ou chegada à escandalização, como diz Dilma Rusself, DD. Chefe da Casa Civil), com uma angústia metafísica cheia de grandeza, apesar dos temas abraçados a doenças, micróbios, a morte, cemitérios, cadáveres, repletos de termos técnicos e científicos, principalmente focalizando medicina e anatomia.
Não sei como poderia ter sido o anjo da guarda do grande poeta que se define assim: “Eu sou aquele que ficou sozinho, / Cantando sobre os ossos do caminho / A poesia de tudo quanto é morto.”
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JORNAL BLOG FERA
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"Do Lúcifer, à consciência cármica de Eurico Olímpio"
Uma hierarquia fabulosa de anjos existe para os brasileiros: Os Serafins, Querubins, Tronos, Dominações,Potências Virtudes,Principados, Arcanjos e os Anjos, que são seres que vivem numa profunda dimensão espiritual, não gostam de dinheiro, sexo e nem de poder.
Pesquisa diz que os 72 anjos não dão conta de aplacar as vontades e os desacertos dos 90% de brasileiros, pois cada pessoa quer ter um só seu.
Os cientistas afirmam que os anjos modernos acompanharam a evolução, fazem academia, freqüentam gabinete de beleza se vestem nas melhores grifes.
O verdadeiro brasileiro, por fenômeno sociológico da “estereotipização” tem que ser pobre, feio e doente. Aquele que se diz brasileiro, ou é rico, saudável e bonito, não é genuinamente brasileiro. O brasileiro tem que dizer que não gosta de políticos, embora por traz, goste de uma propina dada pelos políticos, por mais mísera que ela seja.
Escrevo mais: pode até gostar de Lula, mas não diz, porque todo brasileiro, em público, gosta de ser contrário, de acordo com o momento. O mundo não mudou. O caboré (o rostinho dele parece com o de um amigo) acha seus filhos lindos, daí tira-se a conclusão que os caborés são mais narcisistas, tal como os pavões.
Pois é, mas dizem os Ricos, têm direito a seu anjo exclusivo. Os pobres, os negros, os feios, só tem um anjo: O Lúcifer, que é um anjo do mal. É por este motivo que o brasileiro está sozinho. Até na “distribuição angelical” levamos a pior. É por isso que estamos pessimamente acompanhados. Só pensamos em caraminholas.
O Lúcifer, é o culpado por tantos pobres na cadeia, pois ele é quem os atenta, dá-lhes pobreza ou riqueza ilícita, insatisfação e irresignação diante dos nossos destinos “cármicos”. Mas você pensa que o Lúcifer nos abandona, tal como fazem os “anjos do bem”, só porque você dorme pelado? Não! Ele quer que você durma pelado mesmo. O Lúcifer não tem preconceito. Diz o povo que o anjo bom vai embora, se você dorme pelado. Daí se chega a conclusão que o Lúcifer está bastante aclimatado aos tempo atuais, daí não termos mais segurança.
Mas, falando em “carma”, Relembrando Augusto dos Anjos, eu me lembrei de EURICO OLÍMPIO de Oliveira, que nasceu em Baturité, em 13/06/1877. Escreveu “Caveira dos sonhos” Não se filiou a nenhum gênero e versejou espontaneamente, como Guimarães Passos. Às vezes, a dimensão da finitude o abatia. Outras vezes, seus poemas fugiam da realidade e partia para sátira, indo até a paródia de versos de autores famosos. Daí, ter me lembrado da Dilma, dos momentos angustiosos, pelo qual ela passa.
O MEU VELHO RELÓGIO - Eurico Olimpio.
Qual escravo do tempo ingrato, rememoras/Momentos de pesar, momentos de alegria;/Tu vives a marcar a agonia das horas,/Como eu vivo a marcar as horas de agonia.
Tão identificado estou, que se demoras/Parado, vem-me logo o tédio, a nostalgia.../Nessas palpitações metálicas, sonoras,/Sinto meu coração pulsando noite e dia.
Muitas vezes a sós, filosofando a esmo,/Julgo ver dentro de ti minh’alma e pensamento/Que sou parte de ti, que és parte de mim mesmo.../
Ah! Mas qual de nós estacará primeiro? Serei eu a assistir teu último momento,/Ou marcarás o meu momento derradeiro.
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AO(S) MEU(S) AMIGO(S)...
Sinto saudade dos amigos, de todos, até daqueles amigos que passaram rapidamente pela minha vida. Bem certo que nem todos eram modelos de amigos, não me serviam, naquele momento da minha vida, de exemplos. Daí, eu os agradecer, pois através dos mesmos, lapidei a minha personalidade, quando incorporei algumas parcas virtudes, como a compreensão, a benquerença e a fraternidade.
Foram tantos, eu me recordo de muitos deles: O Sica, o Fred Cabeção, o Ailton Trombone, o Rapapó, O Queixo de Graviola, o Garrafinha, o Cabeça de Cancão. E, outros, muitos outros. Alguns desapareceram; outros, grandes personalidades intelectuais, cujos nomes eu os vejo estampados em jornais.
A palavra amigo vem do vocábulo, cuja raiz latina é o verbo "amo", que significa “gostar de”. Porém, o sentido ou significado da palavra, pouco importa. Mas, temos que reconhecer, antes de tudo, que precisamos de amigos. Pode-se dizer que, à medida que temos amigos é porque somos abertos ao diálogo, à afeição.
O “próprio amor a si mesmo”, já nos remete, com perfeita exatidão, a afirmativa de que só se pode “amar a si mesmo” se, “tentarmos amar o nosso próximo”, favorecendo e fortalecendo uma relação biunívoca, do dar e do receber. Ou pelo menos, favorecendo uma relação destituída da constante hipocrisia, ou seja, devemos amar, pelo menos, àqueles que nunca nos fizeram mal, ou se omitiram fazer um bem.
Impossível cumprirmos as mesmas exigências dos discursos "Ovídianos" que vêm na morte à solução do dois estados passionais: Amor é Ódio, esperando uma futura compensação na vida sobrenatural. Já, na época marcante do lirismo provençal, a amizade mereceu grande destaque, e, em certas tribos da Arábia assumia um misticismo de tal intensidade, que chegava ao ponto de exigir o sacrifício da morte. Dessa maneira, morriam mártires os rapazes que eram castos, e as mulheres, belas. Mas isso não vem ao caso.
Nem sempre uma amizade se alicerça num sistema relacional e dialógico favorecido pelas relações sociais. Possuímos vários amigos, basta que para isso nos identifiquemos com eles, não necessitando que faça parte do nosso convívio, propriamente dito. Como? Ao admirarmos as mais variadas obras artísticos-literários-científicos, ao nos identificamos com os seus autores, passamos a admirá-los. Daí, então, eles se tornarem nossos amigos, pois produzem ou afloram uma miríade de sensações sensoriais e extra-sensoriais, de prazer, satisfação, alegria e de embevecimento. Por esse motivo, não estranhem, senhores intelectuais e artistas, de todas as áreas, se vocês forem abordados, em pleno centro da cidade, por alguém que você nunca viu antes, querendo lhe manifestar todo carinho, querendo lhe dar um abraço fraterno.“NÃO FUJA DELE, NÃO O DECEPCIONE.
Amigo é uma pessoa a quem se gosta, se ama, por isso ele é o nosso amigo.
“NÃO ADIANTA VOCÊ QUERER ESCAPAR DE MIM, VOCÊ SEMPRE SERÁ MEU AMIGO."
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