BOM É NÃO LER LIVROS RUINS
Um grande sucesso, a Bienal Internacional do Livro, em Fortaleza. Ótimos títulos, arrastou multidões. Gosto de dizer que é preciso apoiar o livro. Só um povo que lê pode ter consciência de si próprio e da cidadania, saber o que quer e fruir a liberdade.
Mas, independente da Bienal, devo dizer que há, no mercado, uma montanha de livros para você não ler, de tão ruins. Se há livros para ler, há livros para não ler, e este tema me fascina. É a vulgarização comercial dos livros e da cultura. Schopenhauer (1788-1860) já dizia: “A leitura é o encontro de duas coisas: o livro e a cabeça do leitor. Quando este choque produz um som oco, este som não provém necessariamente do livro.” E mais: “Um livro é um espelho. Quando um asno se põe diante dele, não se pode esperar que apareça o rosto de um sábio”.
Com o passar dos anos e muita leitura, aprendi que para ler o bom uma condição é não ler o ruim, porque a vida é curta e o tempo e a energia escassos. É por isso que, no que se refere a nossas leituras, a arte de não ler é sumamente importante. Esta arte consiste em nem sequer folhear o que ocupa o grande público, o tempo todo. Quando Machado de Assis morreu, há um século, na mesa de cabeceira o único livro era um volume de Schopenhauer.
Nove décimos de toda nossa literatura atual não tem outra finalidade a não ser a de tirar alguns reais do bolso do público, e com este objetivo conspiram decididamente o autor, o editor e o crítico. E aprenda: aquele que lê muito e mal, fica estúpido, perde a capacidade de pensar por conta própria, como quem sempre anda de carro e acaba se esquecendo como se anda a pé.
1 Comments:
Muitos foram a Bienal Internacional do Livro,compraram ótimos títulos, que jamais serão lidos. É moda comparecer a Bienal. Tempo atrás, se comprava enciclopédias por metro: um metro da de cor verde, outro metro da de cor azul, que servia para enfeitar a estante.
Livros péssimos existem às montanhas, para você não lê. As indefectíveis biografias, as auto-biografias, os de poemas e versos e, especialmente, os de colunistas sociais, que são direcionados para agradar a quem ele puxa o saco. Mais cedo ou mais tarde, esse tipo de livro irá parar no sebo, com oferecimento e tudo. Somente escapam de parar no sebo os livros de colunistas, pois quem os adquiriu jamais terá a coragem de vendê-lo ao sebo. Com o tempo, seu dono prefere destruí-lo...queimá-lo.
Duvido que alguém compre um livro de colunista num sebo.
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