POR FALAR EM CONTO DO VIGÁRIO...
De passagem por Brasília, me contaram cada conto! Muito a propósito, qual a origem do conto do vigário? Brasília não é. Ele já existia antes da colossal cidade de JK. Num texto publicado no diário Sol, edição de 30.10.1926, em Lisboa, Fernando Pessoa (1888-1935) nos dá a origem do famoso e eterno conto, que nada tem a ver com vigário, padre ou sacerdote.
Tudo começa com um negociante de gado chamado Manuel Peres Vigário, que para pagar dívidas comprou dinheiro falso, alguns contos de réis, passou-os adiante e logo a coisa se espalhou em cima do “conto de réis” do Manuel Vigário, e daí o conto-do-vigário que corre mundo afora, raiz da vigarice, do vigarismo, do vigarista. Os golpes praticados por eles são cada vez mais inumeráveis e lucrativos. Conheçam este, real, genial e muito antigo.
Foi no Rio de Janeiro. Acharam na igreja uma carteira com dinheiro. Os bons frades avisaram que iam devolvê-la, desde que o dono provasse o que ela continha. Um vigarista soube do caso e pôs anúncio no jornal, dizendo ter encontrado uma carteira, pedindo ao dono que passasse por sua casa. Desconhecendo o aviso na igreja, o perdedor da carteira, depois de ler o anúncio, foi ao endereço citado e disse tudo o que a carteira continha, cédulas tais, documentos tais.
O vigarista anotou... anotou... mas disse logo que nada conferia e mostrou-lhe uma carteira velha que tirou do bolso. Desapontado, o homem se conformou, o vigarista correu à igreja, descreveu aos frades a carteira e o conteúdo e recebeu o dinheiro. A criatividade do golpe, de tão elogiada na imprensa, inspirou José de Alencar na comédia Verso e Reverso, sucesso no teatro.
Diz Machado de Assis que a mais antiga forma de ficção que se conhece é o conto-do-vigário, “um conto especial, tão célebre como os outros, e mais lucrativo que nenhum.” No Brasil, país de vigaristas de todas as cores e gravatas, o conto-do-vigário tem criadores e plagiários. Nos casos habituais dos bilhetes de loteria falsamente premiados, que um espertalhão impinge à ingenuidade alheia, deveriam ir para a cadeia o vendedor e o comprador. Este, por falta de malícia. Aquele, por falta de imaginação.
Tudo começa com um negociante de gado chamado Manuel Peres Vigário, que para pagar dívidas comprou dinheiro falso, alguns contos de réis, passou-os adiante e logo a coisa se espalhou em cima do “conto de réis” do Manuel Vigário, e daí o conto-do-vigário que corre mundo afora, raiz da vigarice, do vigarismo, do vigarista. Os golpes praticados por eles são cada vez mais inumeráveis e lucrativos. Conheçam este, real, genial e muito antigo.
Foi no Rio de Janeiro. Acharam na igreja uma carteira com dinheiro. Os bons frades avisaram que iam devolvê-la, desde que o dono provasse o que ela continha. Um vigarista soube do caso e pôs anúncio no jornal, dizendo ter encontrado uma carteira, pedindo ao dono que passasse por sua casa. Desconhecendo o aviso na igreja, o perdedor da carteira, depois de ler o anúncio, foi ao endereço citado e disse tudo o que a carteira continha, cédulas tais, documentos tais.
O vigarista anotou... anotou... mas disse logo que nada conferia e mostrou-lhe uma carteira velha que tirou do bolso. Desapontado, o homem se conformou, o vigarista correu à igreja, descreveu aos frades a carteira e o conteúdo e recebeu o dinheiro. A criatividade do golpe, de tão elogiada na imprensa, inspirou José de Alencar na comédia Verso e Reverso, sucesso no teatro.
Diz Machado de Assis que a mais antiga forma de ficção que se conhece é o conto-do-vigário, “um conto especial, tão célebre como os outros, e mais lucrativo que nenhum.” No Brasil, país de vigaristas de todas as cores e gravatas, o conto-do-vigário tem criadores e plagiários. Nos casos habituais dos bilhetes de loteria falsamente premiados, que um espertalhão impinge à ingenuidade alheia, deveriam ir para a cadeia o vendedor e o comprador. Este, por falta de malícia. Aquele, por falta de imaginação.
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