sábado, julho 26, 2008

Velha Paisagem Eterna


Leio que prefeitos do Nordeste, caso saiam fortalecidos nas eleições de outubro, vão logo depois a Brasília, onde cantarão, em dor maior, a sonata de um aumento de esmola pelo amor de Deus. Cantarão cantos e desencantos de protestos estremecidos contra a ausência de um plano eficaz e permanente de combate aos efeitos das estiagens que sempre atingem milhões de criaturas infelizes da região.

Como se sabe, todo governo, desde o desembarque em Porto Seguro, teve seu plano permanente para acabar com essa tragédia, que é cíclica, vai e vem e não avisa quando vai e quando vem. Melhor esses prefeitos começarem por Petrópolis, empenhando na Caixa Econômica as jóias da Coroa que Pedro II prometeu vender, etc. e tal. Aquela história.

Médici chorou na Paraíba, Figueiredo prometeu virar o mapa do Brasil de cabeça para baixo, Sarney jurou irrigar um milhão de hectares, Collor batia no vento com os punhos e garantia acabar com a sopa de calangos e mandacarus, FHC comeu rapadura com farinha, andou de jegue, usou chapéu de vaqueiro e Lula aí está, prometendo leite encanado e doce de goiaba com queijo. O pobre dá crédito, o pobre ignorante, o ignorante pobre que vota nele ou em quem ele mandar, não importa aonde nem em que idioma. A seca, bom, a seca continua produzindo seu séqüito de morte.

Tenho que esses prefeitos, tirante o lado turístico dessas andanças, deviam seguir a lição de Ghandi, que conquistou a independência da Índia preconizando a não violência e pregando a desobediência civil, a favor dos deserdados e dos oprimidos, como instrumento eficaz contra as injustiças sociais e políticas.