sábado, julho 05, 2008

Jabuti Sobe em Árvore


Quem diz que jabuti não sobe em árvore, erra. Sobe, e como sobe. Na política, então, os exemplos chovem em baldes. Há governantes que nomeiam ministros ou secretários, pessoas notoriamente corruptas, defensoras de interesses escusos, esperando que a bananeira dê maçã ou carambola.

Em qualquer país do mundo, cargos políticos são preenchidos por políticos. Quando vence a oposição, trocam-se os cargos de chefia e assume uma nova equipe, que está afinada com o novo governo. Isso é respeito ao povo que votou. Mas no Brasil a coisa é complicada.

Começa que os ministros (e a opinião pública) acham uma imoralidade nomear indicados por políticos para cargos temporários de confiança. Como o ministro não conhece tanta gente capaz (ninguém conhece), acaba nomeando o primo da empregada da manicure de sua mulher. Não faz concessões aos políticos.

Sabedores dos caminhos das pedras, os antigos chefes já estão, há muito tempo, traindo quem o nomeou. Resultado: os governos não têm personalidade. Conheci chefes de gabinete por aí que freqüentavam a mesma sala há uns 30 anos. Conforme o chefão seja da direita ou da esquerda, ele muda os livros atrás de sua mesa. Já vi Marx, Marcuse e Hayek em épocas diversas, é claro. Nem Talleyrand foi tão hábil.

O novo manda-chuva erra, ao pensar que burocratas sejam capazes de formulações políticas, indispensáveis em qualquer administração de alto nível. Esperam eficiência em um segundo escalão comprometido apenas com a rotina garantidora do cargo. Querem que o burocrata que leva ossos para seu cachorro seja eficiente no segundo escalão.

Evidente, não adianta querer que água suba cachoeira ou que jabuti escale uma arvore, embora tenhamos mil exemplos de jabotis que escalam, sim, e como escalam!