PERISCÓPIO
***** Embora católico, tenho que a salvação de minha alma às vezes me assusta, por me parecer que a eternidade nada mais seria do que uma insônia sem fim. A insônia tem sido minha companheira desde a juventude distante, e meu pai, em consolo, me dizia que terei a eternidade para dormir. Vá lá que seja.
***** Clima eleitoral, de expectativa, de apreensões. Parafraseando Doris Day, pergunta-se, a propósito da eleição em Fortaleza: quem será, será? Moroni? Patrícia? Luiziane? Aquilo que for, será...
***** No fim da vida, Pasteur estava sendo glorificado. Saiu para receber a medalha do mérito e, quando entrava no recinto, teve um derrame. Agonizando, disse: “Que pena! Eu ainda tinha tanto o que fazer!”
***** Cuidado com os elogios. O elogio verdadeiro é sóbrio, exato, objetivo. Não faz espuma. Deve antes lembrar o bater firme e seco do martelinho do leiloeiro, que só precisa de uma pancada leve para decidir o lance.
***** Quando Ruy morreu (a família fazia questão do Y), em 1927, aos 74 anos, o Jornal do Brasil anunciou-lhe a morte com esta manchete de primeira página: APAGOU-SE O SOL.
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