terça-feira, maio 22, 2007

CIRO SEM FUTURO

Ciro anda aborrecido. Não tem futuro, posto os 600 mil votos para deputado federal. Não tem namoro algum com o Congresso, razão por que não leva em conta o fenômeno eleitoral. Pensa em 2010. Quer ser presidente, ou no mínimo sair vice numa chapa qualquer. Se depender de Lula, fica onde está. A nomeação de Mangabeira Unger, o 36º, foi pra isso: anular Ciro, pois cada um julga o outro maluco. Já andaram pelo mesmo hospício.

Uma pena. Ciro podia ser ao menos um Lacerda caboclo e jogar farofa no ventilador oficial. Ele sabe das coisas e sabe fazer essas coisas. O diabo é não tirar os olhos das estrelas, como o filósofo grego, e acabar caindo no poço de tanto olhar pra cima. Para presidente, cumpre arquivar o projeto. Não há como peitar um Aécio, um Serra ou – quem sabe? – o próprio Lula, embora na sua entrevista coletiva tenha descartado essa possibilidade.

Mas, quem sabe, uma emendazinha na Constituição...

sábado, maio 19, 2007

CORRERIA

Imagine um maluco entrar de repente no plenário da Câmara dos Deputados, com um cabide de roupas de desembargadores, juízes, parlamentares, empresários etc. a gritar: -- Olha o rapa! Olha o rapa!

sexta-feira, maio 11, 2007

SEM CHEFIA


Certa vez, passando por um cemitério, Valle Inclán notou que, ao redor do Campo Santo, estavam levantando uma grade. Procurou o encarregado das obras: -- “Não insista com a tolice dessa grade. Os que estão dentro não pensam em sair, e os que estão fora não pensam em entrar”.

De todas as altas figuras que se notabilizaram na Espanha no fim do século passado e no começo do século que findou há pouco, constituindo a chamada geração de 1898 e a que pertenceram Baroja, Unamuno, Azorin e Benavende, Valle Inclán é o estilista por excelência, com o gosto da frase cantante e harmoniosa.

No entanto, na urdidura de “Tirano Banderas” que um amigo me trouxe de presente, em velha edição traduzida em bom português, Valle Inclán vai adiante, na linha da narrativa, ao desdobrá-la com o claro sentimento de uma denúncia de ordem política. Mas, mesmo aí, ele não se despojou da frase intencionalmente sonora, com que deu forma às suas Sonatas e criou a conciliação de Dom João com o Dom Quixote, na figura inesquecível do Marquês de Brandomin.

Interpelado de público por um jornalista, sobre a razão por que se fizera escritor, Valle Inclán ergueu mais a cabeça orgulhosa, para dizer ser essa a única profissão sem chefe, e ajustada, portanto, à sua personalidade independente. E, a propósito, já que não nasci um vagalume, como reclamava Machado, por que não nasci eu um escritor?

terça-feira, maio 08, 2007

QUEM SUCEDERÁ LULA?

O poder engendra a volúpia do poder e quem pode quer sempre poder mais. Lula, aquele ex-combatente líder sindical, pensa exatamente assim. De um modo geral, tudo o que ele combatia nos velhos tempos, hoje ele pratica de maneira descarada. Com ampla maioria nas duas Casas do Congresso, ninguém se iluda: ele pode fazer uma emenda constitucional e dar um jeito de se manter no cargo. “Não há clima pra isso”, poderá alguém dizer.

Bom, também não havia “clima” para FHC, e ele emendou a Constituição em benefício próprio, numa tramóia imoral e escandalosa confiada a Sérgio Mota (que Deus o tenha). E assim se reelegeu e governou oito anos. Não se iludam com Lula. Ele é tão ou mais sabido que FHC, e de Sérgios Motas ele está cercado, com mais ou menos barriga. Por enquanto, Lula não tem nome para sucedê-lo. Aliás, tem – o dele mesmo. E não pensa noutra coisa.

sexta-feira, maio 04, 2007

O PAPA

Ora, vem aí o Papa. Viva o Papa. O que vem Sua Santidade fazer no Brasil? Visitar o país mais católico do mundo? Não. Ao contrário. O ex-país mais católico do mundo. Vem dar uma força na Igreja Católica, que não anda bem por aqui, em número de fiéis, nas raras vocações sacerdotais, no celibato dos padres. Etc. A presença de Bento XVI, unida ao fato auspicioso da canonização de Frei Galvão, dia 11 próximo, primeiro santo brasileiro (será mais um feriado em nosso calendário), trará o católico de volta à missa?

Pode ser. Mas acho que não. Passada a euforia da presença pontifícia, fase em que até os políticos vão querer aparecer, mãos postas, rezando alto, pensando baixo, o problema permanece. Vejam: aos domingos, muitas igrejas do interior estão fechadas. O padre sumiu. As evangélicas estão abertas... e cheias. Esta, a diferença. Que Frei Galvão inspire os sacerdotes preguiçosos e os leve a oficiar a santa missa, homenagear o Papa e nosso primeiro santo. E nos devolva o título de o maior país católico do mundo.