REFORMA ORTOGRÁFICA, BASBAQUICE
A última, no fervor da redentora de 64, assinada por essa respeitável figura de militar, político e intelectual, Jarbas Passarinho, foi feita a toque de caixa, com base na Lei 5.756, de 18 de dezembro de 1971. Mal entrou em execução, permitiu que se detectasse um sem-números de palavras homógrafas que, além da exceção oficialmente consentida do pôde, por oposição a pode, não podiam passar sem o diferencial. Uma história comprida e bem conhecida.
Eu quero dizer aqui que, com reforma ou sem reforma, continuarei escrevendo do jeito de sempre. Não prestarei concursos e nem os copidesques do Diário do Nordeste vão me arrastar pelos cabelos. Para os diabos, a reforma.
Estou convencido, cada vez mais, que o brasileiro tem horror à própria língua. Se lhe fosse permitido escolher, preferiria qualquer outro idioma, até mesmo o sânscrito, o iídiche, o patoá, o banto. Conquanto não fosse português, pouco importaria que se tratasse de língua morta, extinta ou dialeto. Por força do colonialismo cultural, acentuado pela linguagem mercadológica dos veículos de comunicação, de muito bom grado a opção brasileira recairia sobre o inglês – não o de Oxford, mas o da Praça Mauá.
Em que vai dar a tal reforma? Em nada, claro, a não ser engordar as contas dos livreiros de plantão. Hoje, os poucos jovens que se detêm na literatura em língua portuguesa compram livros como quem compra remédios. Levando a receita. Sem dúvida, é um benefício que a Universidade está prestando, ao indicar o medicamento adequado para a ignorância endêmica e a estupidez epidêmica. Ninguém dá a mínima para as contra-indicações, e ingerem a droga de maneira errada.
Agora, os basbaques de Lula entoam hosanas com a tal reforma ortográfica. E o que temos aí não passa do acanalhamento do idioma. Pode parecer que estamos dispostos a defender a retórica ou o preciosismo. É isso. O argumento indefectível dos pascácios é esse. Não nos tacham de gongóricos porque não sabem quem foi Gôngora.
3 Comments:
Até porque, na reform ortográfica de 1971 tivemos um prazo para que o povo fosse se acostumando, paulatinamente, com as mudanças. Eu não estou ligando muito para reformas, principalmente as ortográficas. Em tempos de Internet, a ortografia está fican cada vez mais abreviada. O meu grande amigo Saussure me disse que a norma culta é para ser empragada rm textos oficiais, científicos e literários e serve de maior prestígio sociocultural. Ora, morando eu no Conjunto São Miguel, sem emprego fixo, biscateiro, não estou mais preocupado com prestígio, muito menos o sociocultural. Estou mais preocupado com a minha aposentadoria que o Ministro Pimental disse que ia me conceder em 30 minutos, o que eu acho uma verdadeira mentira.
Mas o Saussure disse também que a lingua coloquial é empregada oralmente pelas classes médias escolarizadas. Logo eu que não tenho nem o primário. Mas, lána frente ele diz que o mais importante é a comunicação se concretiza, quer dizer, é melhor dizer: MININO, NUM FICA BURRICIDO, é melhor dizer BURRICIDO, do que irado.
Um dia cheguei no interior do Ceará, em Cascavel, onde na beira da estrada tinha muitas mangas a venda. Mangas doces e de boa qualidade. Eu disse: quero 10 mangas daquelas vermelhas(mangas rosas), o vendedor ficou sem entender. Cuma é?, perguntou o vendedor. Repeti, 10 mangas das vermelhas" e o danado do vendedor ficou sem entender" Cheguei perto das mangas que eu estava querendo comprar e disse: "São estas." Logo o vendedor fez a aboservação: Abom, o sinhô que 10 mangas ENCARNADAS, pruque num falô logo.
Intonce, alías, então, o que eu quero dizer que vão às favas a reforma, qualquer sejam elas. Toda reforma tem algum interesse por trás, até reforma de cabaré.
Mas hoje ninguém lê mais ficção científica. Nos meus tempos de jovem, eu lia Flash Gordon e achava que aqueles foguetes espaciais eram pura invenção mas sabia que elas um dia eles iam existir. Então, apelando para ficção científica, vejo que o homem do futuro está caminhando para comunicação telepática e que a ortografia não será mais necessaria. Veja que a nossa evolução está acontecendo, nossas cabeças e ouvidos estão ficando maiores e a nossa boca menor. Nossos dedos diminuindo. E, já antecipando esse futuro da comunicação telepática já conversamos na internet bem resumidamente, como no ORKUT, onde todos dizem: cd vc(onde está você) me ADD(me adiciona) bjs(beijos). Assim meu caros amigos, a tendência não só da nossa ortografia como da nossa fala será o desaparecimento. Futuramente nossas escritas e a nossa voz estão em museus. E se alguém tentar falar ou escrever uma palavra será taxado involuídos, de atrasado e não será respeitado nos meios acadêmicos litérios.
O engraçado é que irão gastar bastante dinheiro para a impressão de milhões de livros só por essa pequena mudança, oque é?Eles estão na esperanã de que o brasileiro irá seguir essas novas normas e comprar os livros?Muito difícil, pra começar já é difícil encontrar um brasileiro que goste de ler, o mais fácil é ficar horas no orkut e msn digitando abreviado que seguir alguma regra.É incrível como esse pessoal do governo consegue perder tempo com besteira.
Até hoje fico sem saber para que servem as mudanças ortográficas. Antes se escrevia Pharmácia e, se escrevessemos Farmácia estávamos escrevendo errado. Quer dizer, de repente o certo passou a ser errado e o errado passou a ser o certo. Que coisa!!!
Outras palavras não se usam mais, mas elas existem, como é o caso de BARRER, cujo nome passou a ser varrer. Só que um dia eu fui pronunciar a palavrar BARRER, um desses arautos da ortografia que existem tantos por aí, só faltou me agredir, dizeno que a língua é dinâmica, etc, etc, etc.
Eu me redordo do Mané Potão, vaqueiro do meu avô. Certa vez ele estava procurando uma espora e não sabia onde estava, então eu lhe disse: "Mané, está sobre o armário" então, ele colocou a mão no queixo, pensou, pensou, foi lá no armário abriu e não encontrou as esporas. Dirigi-me até ele e dei-lhe as esporas, ele, então, me disse: "Pruquê vancê num dixe logo qui tava EM RIBA do armáro" E ele me falou bem ABURRICIDO.
Mas o Mané quando falou a palavra PRUQUÊ, eu me lembrei, de imediato que escrevemos de quatro maneiras essa palavra, assim: POR QUE, PORQUE, PORQUÊ E POR QUÊ. Então, a reforma ortográfica deveria ter se preocupado mais com certas peculiaridades e não com simplicidades. Mas, afinal, POR QUE eu estou me precupando com o PORQUÊ, da reforma ortográfica foi tão raquítíca, PORQUE eu tenho nada tenho a ver com isso, POR QUE se tivesse eu não estaria falando tanta besteira, porque não sei se usei os POR QUEs de maneira correta ou se usei os POR QUÊs de maneira errada. Mas se eu tiver usado os PORQUÊs de maneira correta, é sinal os outros PORQUÊs estão incorretos.
Vixe! fiquei todo enrolado agora.POR QUÊ?, ou será PORQUÊ.
Danou-se!!!
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