UM POUCO DAS CONFISSÕES
Eu devia ter me acostumado porque, já aos 19 anos, perdi um emprego no Banco do Brasil por causa de um bacilo de Koch. Foi meu primeiro encontro sério com a morte, certo de que, recluso, condenado ao repouso, tudo quanto me restava era a saudade imaginária da vida que não vivera. Mas aqui estou, e a ninguém interessa saber como tem sido o resto.
Pensei ficar pelo caminho. Não estou apenas vivo – sobrevivo. Mesmo assim, trabalho, e nunca interrompi, uma vez sequer, meus compromissos profissionais. Não feri ninguém com a minha pena, e aplaudi aqueles que mereceram louvor pelo critério de meu gosto pessoal. Ao refletir sobre os percalços do ano-velho, vejo agora neles a aprovação que nos faz amar a vida com outra intensidade.
Os calhaus do caminho ficaram para trás.
E essa revelação, ou confirmação, não me faltou. No aconchego e no carinho de toda a família. No desvelo com que fui tratado.
A começar por minha incomparável companheira, mãe de minhas duas filhas, a mesma namoradinha única que entrou em meu coração aos 15 anos de idade como uma bênção de Deus.
Vai, ano-velho, e até nunca.
1 Comments:
2008 arribou, vai-te “fila da mulesta”...que ano mais chato. A saúde acabada, em todos os aspectos, principalmente a financeira, e quem não tem dinheiro até de disenteria morre. Certo que eu exagero, a Mundinha, minha veia, já disse que eu não comesse mais a panelada e nem a buchada das biroscas da rua 24 de maio. Sou teimoso, disse que se tenho de morrer, quero morrer de pança cheia.
Mas eu já devia saber que eu nasci pra saco de pancada.Quando menino levei um cóice de jumento que me partiu os queixos. Sem falar que quando nasci escapei do mal dos sete dias...um verdadeiro milagre. Quando com 13 anos caí num poço abandonado e passei quatro dias de fome, só não morri de sede porque no fundo poço ainda restava uma água suja. Foi o que me salvou.
Depois vim para Fortaleza, eu e meu pai. Nós nos perdemos um do outro na Estação. Eu não conhecia nada em Fortaleza e fui abrigado na casa de Raimundo, um pescador que morava no Arraial Moura Brasil, o velho curral, ponto de prostituição. Até que um dia me encontraram, deitado numa rede no alpendre da humilde casa de Raimundo.
Os tropeços do caminhos sempre foram constantes e se eu fosse contar tudo daria livro de 2000 páginas, e ainda iam dizer que sou mentiroso, devido os acontecimentos fantásticos de minha vida. Sei não! Mas acho que nasci predeterminado a catástrofes. Ainda bem que nunca voei em avião, nem viajei em navio, e as poucas vezes que me locomovo em carro, vou no banco traseiro. Espero que nos próximos anos as coisas melhorem.
Vai...velho ano, chato, nojento...
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