PERISCÓPIO
***** Um amigo, assaltado em Paris (eu já fui assaltado em Roma), repete aquilo que todos sabemos: quem viaja deve estar preparado para ser roubado. Se não lhe roubam a mala, batem-lhe a carteira ou o passaporte. No hotel, arredondam-lhe a conta. E se quiser alguma amabilidade remunerada, cuide das gorjetas.
***** Sofro de insônia brutal. Passo a noite com livros e músicas. Na madrugada, fico numa única emissora de rádio, a Verdinha, a escutar, horas a fio, o programa do Moreira Filho, profissional inteligente, culto, divertido, de muito bom gosto em tudo o que oferece aos ouvintes. Devo a ele momentos agradáveis.
***** a) Li não sei onde que um ministro de Lula foi cobrado por um deputado que mudou seu voto para ganhar um cala-boca. O credor lembrou que o governo lhe devia alguma coisa.
***** b) O ministro respondeu: “A dívida é discutível.” Há uma interjeição onomatopaica para designar o vômito. Recuso-me a usá-la.
***** Nunca me dou ao respeito de ler os pronunciamentos presidenciais. São longos, óbvios na mentira e óbvios no sentido mercadológico-eleitoral. Limito-me às frases pinçadas pelos editores ou pelas declarações de viva voz na TV.
***** Quando nossa certidão de idade fica velha, a ponto de rasgar na dobra do papel, nosso corpo protesta, sempre que o obrigamos a nos dar mais do que pode. É como querer acender um cigarro no relâmpago.
***** Sofro de insônia brutal. Passo a noite com livros e músicas. Na madrugada, fico numa única emissora de rádio, a Verdinha, a escutar, horas a fio, o programa do Moreira Filho, profissional inteligente, culto, divertido, de muito bom gosto em tudo o que oferece aos ouvintes. Devo a ele momentos agradáveis.
***** a) Li não sei onde que um ministro de Lula foi cobrado por um deputado que mudou seu voto para ganhar um cala-boca. O credor lembrou que o governo lhe devia alguma coisa.
***** b) O ministro respondeu: “A dívida é discutível.” Há uma interjeição onomatopaica para designar o vômito. Recuso-me a usá-la.
***** Nunca me dou ao respeito de ler os pronunciamentos presidenciais. São longos, óbvios na mentira e óbvios no sentido mercadológico-eleitoral. Limito-me às frases pinçadas pelos editores ou pelas declarações de viva voz na TV.
***** Quando nossa certidão de idade fica velha, a ponto de rasgar na dobra do papel, nosso corpo protesta, sempre que o obrigamos a nos dar mais do que pode. É como querer acender um cigarro no relâmpago.
1 Comments:
BLOGOÉSFERA
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"GIROSCÓPIO"
*****Um inimigo meu, assaltado em Caucaia (eu já fui assaltado em Itapajé) não se cansa de repetir. Viaje mesmo que você seja assaltado. Se lhe roubam a mochila, compre outra, para ser roubado novamente, pois se você não tiver o que dar, na hora do assalto, o assaltante pode ficar furioso, só que depois a gente pode chamar a polícia e pode até recuperar o que perdeu. Mas, no hotel, você é roubado e não pode reclamar,nem pode chamar a polícia, pois se não atender o pedido, quem vai preso é você. E se não quiser ir pro xilindró, arranje alguma gorjeta, para dar aqueles que estão te prendendo.
*****Adoro minha insônia fenomenal. Passo a noite escrevendo, lendo meus livros prediletos e minhas músicas favoritas. Notívago, sou um rei. Faço versos, poemas poesia. Penso na perfeita mulher amada que nunca existiu e nem existirá. Enfim, faço tudo que eu quero. São horas silentes, "cheias de um não sei quê..." Na madrugada, mesmo em silêncio, há sons distantes, quase inaudíveis. Um galo canta ao longe: um canto triste, rouco, solitário... Na madrugada fria, Ouço rumores... Ecos de vozes inteligíveis, que me tentam transmitir mensagens, que eu gostaria de ouvir, mas não consigo assimilar, o que estão a dizer. Um gemido de prazer lascivo ecoa abafado, revelando amantes indormidos. E na antiga vitrola do meu vizinho, uma música suave, a sonata de Bethoveen invade espaços, produzindo emoções e significados que extrapolam a minha sensibilidade, misturando-se às cantigas de ninar das minhas lembranças, de um passado distante, aos sons da alvorada nascente. Como eu gosto da minha insônia.
***** c)Sempre ando lendo, mas a questão é que não me lembro onde, as mesmas e repetidas notícias de um deputado que vendeu seu voto e que cobrou de Lula. O devedor esqueceu de pagar algo que devia.
***** d) O vereador gritou: “A discutível dívida” Há uma dúvida dividida se ele está devendo ou se é que é o devedor. Onomatopaicamente, veio o UGO! do meu vômito.
*****Nunca dou ouvidos aos desrespeitosos pronunciamentos de prefeitos das cidades do interior. São curtos, mentirosos e cheios de propagandas mercadológicas, de uma administração que não existe, fazendo com que o matuto pense que tudo ainda irá ser feito. Depois, o prefeito sai do palanque e vai se fartar de boa comida em seus sítios, enquanto os pobres dos matutos ainda terão que andar léguas e léguas com a barriga vazia.
*****Tenho três certidões de nascimentos. Mas costumo usar apenas uma. Mas a que está mais nova se desgastou primeiro. As certidões mais velhas estão intactas, embora o corpo esteja meio esmorecido, capiongo, sorumbático e macambúzio. É isso aí: ‘QUEM É COCHO PARTE CEDO”, já dizia o Pedro, um caçador de corisco, lá da minha terra, se referindo aquelas pessoas desanimados, que não sabem esperar ou só chegam atrasado. Só depois do troar do trovão é que vem o relâmpago, e não depois do relâmpago vem o troar do trovão, e ainda querem acender o cigarro. Aí não pode... Entendeu?
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