A ARTE DE NÃO LER
Às vezes, fico a pensar: seria bom comprar os livros se púdéssemos comprar também o tempo para lê-los (no momento, leio mais uma vez os dois volumes de Solo de Clarineta, as memórias de Érico Veríssimo), mas em geral se confunde a compra de livros com a apropriação de seu conteúdo. E não é bem assim.
Esperar que alguém tenha retido tudo que já leu é como esperar que carregue consigo o que já comeu. Penso o seguinte: aquele que lê muito e quase o dia inteiro perde paulatinamente a capacidade de pensar por conta própria, como quem sempre anda de carro acaba esquecendo como se anda a pé.
É o caso de muitos leitores: leram até ficar estúpidos.
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