COMPARAÇÕES
No ano em que me casei, no Rio, 1968, apesar do AI-5, da repressão, da ditadura sombria, a vida no Brasil era mais agradável que hoje. Para nós, jornalistas, estávamos no fogo do golpe militar de 64. Mas nós nos sentíamos mais vivos com as ameaças dos nossos inimigos, nos sentíamos requestados na nossa profissão miserável. Éramos gente. E éramos levados tão a sério que nos censuraram, nos prendiam, nos torturavam e muitas vezes nos matavam.
Mas nossa vidinha fútil ganhou nova dimensão, e vibrante, quando nos perseguiam. Havia, claro, a humilhação de gente bronca e subletrada (estou usando eufemismos) poder dispor de nós como roupa suja. Porém, era compensada pela imensa superioridade moral que sentíamos em relação a eles. Agora, com o começo do fim do lulismo, difícil prever o que vem aí. O continuísmo? Então é ir para Pasárgada...
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