sexta-feira, novembro 12, 2010

CARMEM MIRANDA


Ela era mestra do samba urbano carioca, leve, ligeiro, safado, sexy, com o estou-pouco-me-lixando do Rio de Janeiro. E sua personagem é uma criação tão inspirada quanto o Carlitos de Charlie Chaplin. Estou a ouvi-la em dois sambas geniais, ambos de Assis Valente: Camisa Listada e O Mundo Não Se Acabou. Assis Valente (1911-1958) suicidou-se num banco de praça da praia do Flamengo, bebendo arsênico, depois de outras tentativas de se matar, por causa de dívidas. Chegou a se jogar do alto do Corcovado.


Carmem, com aquelas frutas todas na cabeça, os olhares faiscantes, a pseudapaixão latina, tinha um imenso senso de alegria e vitalidade que comunicava. A crítica dizia que voltara dos EUA “americanizada”. Morreu jovem, aos 46 anos, no dia 5 de agosto de 1955. Quando eu era menino, falavam que usava sapatos de ouro e era amante de Getúlio, na verdade um tremendo namorador das artistas de sua época. Além das irmãs Linda e Dircinha Batista, o velho ditador se babava diante de Odete Lara. “O baixinho era fogo”, lembra Odete.