sábado, dezembro 18, 2010

POETA DO PIAUÍ


O poeta, crítico literário, jornalista e advogado Da Costa e Silva (Antônio Francisco Da Costa e Silva, 1885-Rio de Janeiro 1950), nascido em Amarante, entre Teresina e Floriano, às margens do Parnaíba, dedicou ao “velho monge”, morto de saudade, este genial soneto, obra-prima nos florilégios da literatura brasileira. Vejam a beleza dos versos de Saudade:


Saudade! Olhar de minha mãe rezando

E o pranto lento deslizando em fio...

Saudade! Amor de minha terra... o rio

Cantigas de águas claras soluçando.

Noites de junho. O caburé com frio

Ao luar, sobre o arvoredo... piando... piando...

E ao vento as folhas lívidas cantando

A saudade imortal de um sol de estio

Saudade! Asa de dor do Pensamento!

Gemidos vãos de canaviais ao vento...

Ai! Mortalhas de neve sobre a serra.

Saudade! O Parnaíba – velho monge

As barbas brancas alongando. E, ao longe,

O mugido dos bois de minha terra...


Único rio genuinamente nordestino, com 1.720km de extensão (nasce na Serra da Tabatinga e desemboca no Atlântico, onde forma um dos deltas mais belos do planeta), às suas margens, a 60km da cidade de Floriano, ao sul do Estado, foi construída a Barragem da Boa Esperança, obra comandada pelo engenheiro César Cals de Oliveira Filho e inaugurada em agosto de 1964. Da Costa e Silva é também o autor da letra do Hino do Piauí:


Piauí, terra querida,

Filha do sol do equador

Pertencem-te a nossa vida

Nosso sonho, nosso amor...

As águas do Parnaíba

Rio abaixo, rio arriba

Espalhem pelo sertão

E levem pelas quebradas

Pelas várzeas e chapadas

Teu canto de exaltação... etc. etc.